quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Miscelânea Poética

Miscelânea Poética
Cinqüentão, cheio de disposição
Mais do que nunca tenho pressa em viver.
Ainda quero beijar mil bocas,
Apalpar mil bundas
Acordar em mil camas diferentes
Antes do dia do juízo final.
Divas vão divas vem.
Dias vão dias vem
Luz e trovão.
Minha mente quer pari-lo
Mas não consegue...
Tenho um poema engastalhado
Como areia no rolimã
No meu carrinho de guia
Nos tempos de crianças.
Em criança, quando outro menino
Chamava-me de viado. Eu respondia:
”Viado é rolimã, comi você e a sua irmã! ’
Teoria das merdas.
Somos todos humanos
Quando estamos sentados no vaso.
Em tudo está meu fim.
No principio está embutido a ruptura.
Não busco a totalidade, mas o meio.
Tempo é corrente que mata gente
Quem tem medo sai da frente.
Mas correr para onde?Se não temos para onde fugir?
Dos doze aos dezenove anos eu era Office-boy.
Agora meu oficio diuturno, meu ócio, é nomear
Dar nome aos gatos, aos sapos,
Aos patos, aos bois.
Rubizé é o nome da tartaruga da menina Erica.
O cachorro da Bruna se chama Jão
A calopicita do Rafael Vital é a Branquinha
O porquinho do Israel é o Pitoco.
Cacique é o nome do cavalo que meu pai deixou.
Catarina era a mula pelo de rato que ele tinha
Quando eu era menino.
Jack Onassis era o nome da gata de Geninha
Minha amiguinha imaginária da infância.
Nossa Amizade é o nome do meu pinto.
O tempo não para, o tempo voa, ou melhor, 
Voamos pela vida feito folhas soltas no outono,
Encardidas levadas pelo vento.
Enquanto o tempo segue o seu rumo,
O seu destino implacável e indiferente.
Diga rápido nomear não é mar nomear não é mar.
O meu ZAP é meia meia zero meia
Tapa na orelha.
Hoje é domingo. Domingo de OuTomno.
É domingo que pede cachimbo.
Lembrei-me que na infância havia
O seu Benardo, um preto velho
Quase centenário. Velho benzedor
Mamãe sempre o chamava para curar 
A criançada lá de casa.
Suas especialidades eram: mau-olhado
Espinhela caída, quebranto e outras mazelas.
Desprezadas pela medicina tradicional.
Mas o que ficou na minha memória
Foi a sua imagem de bom velhinho.
E o cheiro fedorento do seu cachimbo,
De fumo barato.
A minha relação com a morte é bem tranqüila.
Espero até mesmo que ela se esqueça de mim.
Quando a minha hora derradeira chegar...
Ontem E vi a morte eu vi o norte,
E vi você achar bonito
Uma bala espetada no palito,
E se maravilhar com uma
Antiga lata de doces.
Eu vi a chuva cair intensamente
E a minha Amiga S... Dançar na chuva
Até cheguei a acreditar que a chuva
Lavava os nossos pecados
Seja lá o que for isso.

Copyright© Tom Vital/17/06/2018
Foto Da Internet