domingo, 23 de fevereiro de 2020

Tadzio


Tadzio
O silêncio da fúria,
Me domina.
O amor é estratégico
Mas a palavra paz já não faz sentido.

Ando mais aguerrido
Que um guerreiro Viking...
Querendo dar porrada
Em meio mundo.

Ontem em busca de calmaria...
Aposentei meu tchaco temporariamente,
E decidi sair na Banda Mole.

Fui vestido de Colombina
E não é, que quase no final da festa
Me aparece um jovem Arlequim
Com a beleza digna de um Tadzio.
Querendo me beijar.

Empurrei ele e saquei o meu colt,
Para que ele entendesse que eu
Era uma Colombina com culhões .
Foi então que o safado
Caiu de boca no meu colt.

Aretino,Bocage,meus mestres
O resto apenas ralé
Cheiradora de rapé.

© Copyright tom vital/BH/fev/1985

 Foto Arlequim: Picasso


domingo, 16 de fevereiro de 2020

Acidente De Percurso


Acidente De Percurso
Não pense que eu me espanto
Nesse mundo cão cheio de desencanto.
Aconteceu e continua acontecendo
Desde Sócrates tem sempre alguém,
Aqui,ali,alá*,além...
Cortando o barato dos malucos.

“Putz grila! O Batman delira,
(Nada contra os vegetarianos comedores de alface.)
Mas o Coringa é vegano!
Diz o Homem-Morcego.”

Sexta-feira eu seguia sentado no banco do metrô
Ia tranquilamente para o trabalho.
Inadvertidamente O Nossa Amizade O Pinto,estava duro.
Duro feito pedra,senti ele se avolumar na calça de tergal.
Culpa da calcinha vermelha esconde quase nada
Da gostosa em frente sentada generosamente
E gostosamente com as pernas abertas.

Foi quando a Madame Plus Size
Pesando uns 120 quilos adentrou o vagão.
E com a agilidade de um Durango Kid
Foi logo sacando o moderno celular,
Do bolso traseiro da calça jeans
E começou a disparar mensagens no WhatsApp.

Mas de repente o trem deu uma parada brusca
E com a velocidade de um trem bala ela caiu
Sobre o meu colo. Quase me aleijando!

*Advérbio.

©copyright tom vital/15/02/2020

Foto Da Internet


terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Gato


Gato

1987.Verão da lata...Verão da maconha.
Mas a lata do poeta está vazia,
Tempos de desencanto e inércia letal.

A leviana Brigite Guevara
Trocou o amor do poeta
Por um mecânico de automóvel canastrão.

Na solidão do seu quarto de solteiro.
O poeta mineiro
Viaja no poster da atriz famosa,
A deusa que criou Saint-Tropez,
Na Riviera francesa.
E chega à simples conclusão
Brigitte só a Bardot
O resto é dor...

Agora o poeta está de pau duro
Na área de serviço,
Segurando uma lanterna no escuro
Tentando desvendar o enigma
Foi o disjuntor que desarmou
Ou foi a concessionaria de energia elétrica
Que cortou o gato!

Copyright© tom vital/22/02/1995


domingo, 9 de fevereiro de 2020

Chuva Ácida


Chuva Ácida

Se a virtude é a mãe do vício
Quero viver à beira do seu abismo
É melhor que morar no hospício
Ou ficar a ver navios.
Nesse mato tem cachorro
Esse angu tem caroço.

Nesse carnaval vou brincar
Com a sua Diana                                   imagem da internet 
Vou me divertir com o seu Rex
Mas não vou beijar a sua boca
Você tem hálito de chuva ácida.

Eu não sou cria da PUC
Não sou filho da puta
Minha mãe é a Adrenalina
Também conhecida como Dona Dica.

Cinderela subiu no telhado
Nosso amor foi atrás
Você gosta de jogar roleta russa
Eu de viver na corda bamba
Para não te magoar eu vou ficar calado.

Copyright© Tom Vital/09/02/2020



domingo, 2 de fevereiro de 2020

Caramujo Á Moda Manoel De Barros


Caramujo À Moda Manoel De Barros

Passei a olhar para o chão
Quando vi um caramujo
Debaixo da minha janela.
E nunca mais pisei em cocô
De gente cachorro ou gato.

É triste.Pode parecer triste.
Mas eu não tive infância.
Uma confissão:
Tudo o que escrevo é mentira.

Um pneu novo deixa marcas profundas
De frenagem no asfalto.
Na lama o liso também deixa.
No meu coração deixou Você...

Sou Analfa-info desprovido de senso prático.
Manoel inventou seu Pantanal
Eu invento meu Bacanal.
Eu já encontrei a Ruiva Marina
Moça fantasma de duas vulvas
Que perambula á noite
Pelo centro de Belo Horizonte.
Porém nesse dia eu estava
Pra lá de Bagdá...
Mas nunca a mulher de sete peitos.
Do poeta pantaneiro
Para fazer vaginação comigo.

Tudo que não invento é Fausto.
Copyright© Tom Vital/02/02/2020

Foto Autoral


Noturno Menor



Noturno Menor

Precedendo ao dilúvio
Arrasa-quarteirão
Que levou pânico
Aos bacanas da Zona Sul,
Eu vi como se fossem nuvens de gafanhotos.
Aves de rapina escurecerem o céu
De Belo Horizonte naquela pálida
Tarde de domingo.

Embarquei num trem noturno. 
Para lugar nenhum
E mesmo assim cheguei
Antes de Você.

Vivo onde tenho certeza,
No meio da noite
Vai passar um avião.

Neste carnaval completarei cinquenta e cinco anos.
Cuidado gata.O coroavírus  vai te pegar.
Sou um homem sincero.
A minha relação com a morte sempre foi tranquila.
E quando chegar a minha hora derradeira,
Sinceramente espero que ela se esqueça de mim.
Sempre me senti muito próximo da morte
E da loucura.

Belo Horizonte aprisionou
Seus rios.
Agora eles querem se libertar!
Salve-se quem puder.

Copyright© Tom Vital01/02/2020
Foto Da Internet