Carnaval
Quando eu nasci era carnaval
Não havia anjo torto
Nem anjo reto
Nem anjo esbelto
Nem anjo loiro
Não havia anjinhos rosados
Nem anjinhos obesos
Nem anjinhos trigueiros
Nem anjinhos pretos
Nem flores
Nem nada...
Havia apenas uma bem raquítica
Fada madrinha
Saída de algum rincão perdido
Lá dos confins do nordeste
Duendes e gnomos
Arlequins, pierrôs, sacis
Mulas sem cabeças
Lobisomens, lobigays
E colombinas
Invadiram o quarto
Um simpático e horrendo duende
De gorro verde
Puxou-me o pé
Assustada com a confusão
Que se formou
A fada madrinha
Fugiu apressada
Deixando para trás
Sua varinha de marmelo
O duende então
Trepou no berço
Fitou-me os olhos longamente
Disse nada não
Apenas sorriu enigmaticamente
Era surdo mudo o duende
Concluí no final:
Minha vida será
(e tem sido)
Um interminável
E psicodélico
Quadro surreal.
Um Constante carnaval.
Copyright ©tom Vital/22/02/1996
manga rosa ou da lata?
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