quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Maradona

Maradona

Somente aos deuses é permitido

Fazer gol com a mão

E encantar o mundo.

Somente os deuses habitam

O Monte Olimpo.

Somente os deuses são e serão eternos.

Maradona foi um deus dos gramados

Um deus que encantava crianças,

E marmanjos.

Maradona não morreu

Ele foi ao encontro de outros deuses

Onde continuará a brincar com a bola.

A bola agradece, eu agradeço,

Obrigado Diego Armando Maradona!

Copyright₢ Tom Vital/25/11/2020

 

 


terça-feira, 24 de novembro de 2020

Bar Corsário De PãSatã


 

Bar Corsário De PãSatã

Era noite caia uma chuva miúda

E fazia calor

Véspera de Natal, a cidade estava iluminada

E animada para a chegada do Menino.

Eu Caminhava solitário por uma movimentada

Rua de Uma Grande Cidade brasileira

Alheio ao burburinho natalino.

Indefinida cidade. Rio. São Paulo

Ou a minha amada BH.

De repente me vi, como que

Num passe de mágica

No interior de um bar

Em estilo neoclássico.

O bar estava mergulhado numa semiescuridão

Mas havia ali em seu interior um letreiro em neon

Luzes azuis verde e vermelhas

Algumas luzes eram falhas.

Mas dava para ler claramente o nome do bar:

Bar Corsário De PãSatã .

Em pé debruçadas no balcão

Duas jovens garotas de uns 20 anos

Uma loira e uma morena

Ambas me sorriram tão descaradamente

Que o Nossa Amizade se agitou

E se agigantou dentro da cueca.

Depois vi que o garçom, que estava sem camisa

Deitado sobre uma das mesas,

Tinha uma atadura para curativo

De cor branca na cabeça

E outra no tórax, cobrindo parte

Da frente e das costas.

Fumava um charuto cubano

Mas o cheiro era de maconha

Cheiro bom de maconha da boa.

Reparei melhor e então percebi

Que se tratava do próprio Che Guevara

Em pessoa.

Fiz o meu pedido, ele me indicou a

Máquina de autoatendimento onde

Eu deveria sacar um voucher

No valor que pretendia gastar

Fiz o que ele mandou

Gastei de cara cem reais

E pedi uma cerveja uma dose Jack Daniel’s

Sem gelo e uma porção de fritas

As fritas jamais chegaram.

Eu já estava no fim da cerveja

Quando o uísque finalmente chegou

Trazido por uma das garotas.

Mas quando tentei pegar o copo

O mesmo com o uísque se transformou

No Jão o cachorro vira-lata da família Silva

Morto no último dia 2 de novembro.

E para o qual eu escrevi um poema a pedido

De minha irmã Élcia.

Jão pulou da mesa e correu em direção ao banheiro

Perplexo e com o coração aos pulos dentro peito

Eu fui atrás do jão

Não o encontrei mais

Porém aproveitei para tirar a água do joelho

Quando voltei ao recinto

O bar estava cheio e movimentado por gente famosa

Todos já falecidos

Drummond tomando uma cachacinha mineira

Em sua canequinha de folha-de-flandres.

Vinicius isso mesmo o poetinha

Fumando e bebendo seu uísque.

Baden Powell tocando violão

Tom Jobim tocando piano

E Elis Regina cantando lapinha.

Madame Satã estava atrás do balcão

E servia a rapaziada

Cartola, Noel, Nelson Gonçalves

Belchior, e Vicente Celestino

Vestido como o Ébrio de seu grande sucesso.

Até Conde Drácula estava presente

E tomava sua dose de sangue

Puro e fresco,

Acompanhado da Ruiva Marina

Moça fantasma de duas vulvas

Que segundo a lenda perambula

À noite pelas ruas de grandes cidades.

Depois surgiu Robert Johnson que

Tocou alguns blues inclusive

Terraplane Blues e Me And The Devil Blues.

Cintura Fina da velha e boêmia lagoinha

Fazia a vez de segundo garçom.

Uma vez que Che Guevara desaparecera,

As duas jovens que me deixaram de pau duro

Também se escafederam.

Depois surgiu o Saci Pererê de gorro vermelho,

Fumando um cachimbo fedorento e como se fosse,

Um preto velho benzedor, falando rezas desconexas

Equilibrando como sempre em uma única perna

Porém era uma perna mecânica novinha em folha.

Perguntei-lhe o que acontecera com a outra perna:

Ele contou que resolveu brincar o último halloween

Mas um grupo de jovens brancos fascistas de extrema  direita

Não gostou de sua presença na festa,

Eles cortaram sua perna e a jogaram fora

Numa Cachoeira de sete quedas...

Socorrido por uma equipe do SAMU 

Ele chegou agonizante ao hospital municipal

E uma cinquentona abastada cuja cama ele visita

Uma vez por ano pagou-lhe a protese.

Manoel de Barros não bebia mas também

Estava presente e encantava sapos e pererecas.

Então meu celular despertou eram quatro e quarenta

Da manhã hora de começar a me aprontar para o trabalho

Puta responsabilidade do caralho.

Cortando o barato do meu sonho

Quando a festa prometia.

Pois o último vulto que vi adentrar o Corsário

Era ninguém mais, ninguém menos

Que o Grande Raul Seixas!

Acompanhado pelo belo e jovem casal

Vanusa e Antônio Marcos.

Copyright©Tom Vital/23/11/2020

 

 

sábado, 21 de novembro de 2020

Ebulição


 

Ebulição

O Brasil não entra em ebulição

O Brasil não entra em chamas

Porque nosso povo é bitolado

Nossa alma é pequenina

Nossa pólvora é molhada

Nossa gasolina aditivada...

E o nosso espirito aguerrido

É consumido pela paixão clubística.

Futebol é o que interessa

Futebol é o nosso ópio

Vidas pobres não interessam

Vidas negras não importam

O Brasil não entra em chamas

Porque somos um povo feliz

Pobre é de direita

Negro é de direita

E quem vira à esquerda

Está desmunhecando

Reza o preconceito,

Diz a direita.

A direita acha que racismo

É coisa de esquerda

E a esquerda acha que tudo é política

Mas a poesia não pode calar

Um negro morre espancado

Um pobre morre espancado

Ao poeta resta erguer uma lápide

De palavras ao morto ao espancado

Ao poeta resta chorar com palavras

Numa sociedade filha da puta

Que não reconhece o racismo estrutural

E acredita que racismo no Brasil

É maldito fruto estrangeiro

Produto de importação.

Copyright© Tom Vital 21/11/2020

 

 

 

 

 

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

A Força Da Poesia


 A Força Da poesia

A pulga pula
O verso pulsa.
O verso é vida .
Tenho em mim
Todos os elementos,
Sou o tempo invisível
Sou as horas
Inventadas pelos humanos.
A natureza me habita,
Sou pássaro que voa
Urso que hiberna
Lobo que uiva
Pedra que rola
Pedra que chora.
Sou terra para você pisar
Mar para você nadar
Lua para te iluminar
Sol para te aquecer.
Sou do tempo da Abreugrafia
Do lambe-lambe
Do mimeógrafo,
E do papel carbono.
A poesia corre fluida
Por minhas veias
Feito um liquido incolor
Até chegar ao cérebro
E se transmutar em ideia
E depois em palavras poéticas
E quem sabe proféticas.
Quando em estado de poesia
A minha vida não tem bolor
Tenho a percepção das coisas
Em toda a sua nitidez
E em terceira quarta quinta dimensão.
- Se sou poeta?
- Sim me assumo poeta!
E a poesia não é para os fracos.
Como bem disse o Sábio
Poeta Dinamarquês Niels Hav.
Seja bem-vindo à minha casa
A porta está aberta
pode filar o Wi-fi.
Pode beber do meu café
Tomar da minha cachaça,
Dá uma cheirada no rapé
Fumar o que quiser
O maço está ali
Sobre a escrivaninha
Ao lado do computador.
Pode pegar um cigarro
Ou levar embora o maço
Fique à vontade não fumo mais.
Mas se achas que a poesia
É coisa à-toa,
Seu empata foda,
Que confunde
A Dama Das Camélias,
Com A Dança Das Camélias.
Vai tomar banho de bacia
E peidar n’água
Pra fazer borbulha.
Copyright© Tom Vital/24 10/2020

domingo, 15 de novembro de 2020

Versos A Uma Garçonete


 

Versos A Uma Garçonete

Era noite de lua cheia

Auuuuuuuuuuuuuuu!

Quando tudo começou

Quando lhe abri meu coração

Após um ano de insônia e tortura

Era um domingo, cinco de abril

E estávamos num churrasco

Entre falsos amigos:

Ela apenas disse-me assim

- Poeta um dia eu te amarei?

Quem sabe?

Mas quero que você me faça

Essa declaração amanhã.

Quando estiver sóbrio.

Como você bem sabe

Tenho marido e  filho.

 

A meia-noite quando ela aparece

Meio bêbado, meio lobo, muito louco

Solto meu estridente uivo

Auuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!

Que, entretanto, é abafado

Pelo som da mecânica música.

 

Ela é apenas uma garçonete

De restaurante noturno

Dama-da-noite flor amorosa

Mas com que encanto ela desliza

Flutuante entre as mesas do salão

Quando traz a bandeja

Com o vinho e a porção

De provolone.

 

Sinto o feitiço:

Em suas mãos

Em seu sorriso

Em seus cabelos.

 

A garçonete Maria Mariana

Me seduz, mas não sei se é

De ingenuidade, ou de malicia.

Mas sei que ela me seduz

Com seu jeito dissimulado

De atriz no palco

Quando as luzes se acendem

Fantasia de verdade

Que me deixa louco

Que me deixa bobo.

 

Oh! Garçonete Maria Mariana

Faça de mim segundo a sua vontade

Deixa eu ser joguete

Deixa eu ser brinquedo

Marionete em suas mãos.

Auuuuuuuuuuuuuuuuuuu!

 

Oh! Garçonete Maria Mariana

Se mil reais eu tivesse

Mil reais eu lhe daria

Só para chupar a sua xoxota.

Traga-me a felicidade,

Mas como eu tenho pouca grana

Apenas a grana do motel

Deixa eu chupar a sua buceta

De graça mesmo.

Auuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!

Copyright© tom Vital/22/02/1994

Foto da internet


 

 

sábado, 14 de novembro de 2020

O Louco Do Metrô


 

O Louco Do Metrô


As arvores estavam peladas
O vento varreu as folhas do chão
Deus sorri com o sol
E abençoa com a chuva
Não tenho muito
A lhes oferecer.
Meu Telhado é de vidro
Vai dar a bunda pra cachorro
Pra Você crescer.
O inferno é um imenso parque temático
Parque de diversão dos devassos.
A devassidão é prazerosa e sua porta é imensa
Mas a porta da salvação é estreita
E quando Deus estiver separando
Os que podem entrar pela senda estreita
Eu estarei ao seu lado, rindo da cara
De todos vocês que nessa manhã de sexta-feira treze
Aqui no metrô, ouviram e não levaram a sério
A mensagem desse pobre pregador que vos fala.
E que usa gorro marrom escrito:
Don´t follow me. Vestido com um terno preto
Bermuda listrada e calçando tênis.
Eu sou o novo Messias não o pulha bozo
Podem rir, podem desdenhar,
Sei que aqui tem um escriba, um poeta
Que irá gravar as minhas palavras
E transmitir minha mensagem aos crentes do futuro
Riem, desdenhem, zombem...
Quando seu ânus estiver queimando no inferno
Quem vai sorrir sou eu.
Copyright© Tom Vital/14/11/2020

                   Foto da Internet

 

 

Trindade

 Trindade


Trim. trim. trim.
Acordei com o telefone tocando
Olho as horas no relógio de cabeceira
Duas e meia da matina
Atendo: Pois não?
Ouço uma voz conhecida
Há muito não ouvida.
-Olá Sexta, como vai?
Respondo em cascata
Como que limpando
O peito e a alma
Num descarrego:
Vou vivendo enquanto posso!
Ser feliz é o que interessa.
O resto é bobagem...
Amanhã estarei morto.
E nada mais!
Quando a conheci ali sentada na calçada
Naquela noite de sexta-feira treze,
Em frente ao Bar Joinha, trajando vestido azul
Chorando o fim de um relacionamento...
Você não me disse que era a dona do dragão,
E também não me falou
Que quando entrava em erupção
Jorrava lavas quentes como um vulcão,
Sempre instável
Girando mais que um cata-vento
Ao vento.
Cem por cento Rivotril
Normal com P apenas na hora da foda,
Ou como você poeticamente costumava dizer:
"Dança Gostosa Dos Corpos."
Você se foi fiquei órfão
Cão sem dono
Ganindo à mingua
Até ser adotado de novo...
E você Trindade como vai?
- Você sabe, bem, muito bem,
Fugi ontem do Galba Veloso,
Estou aqui no Cemitério Do Bonfim,
Numa festinha legal
Com alguns bons amigos
Tem pó e bebida à beça, vem pra cá!
Além de mim tem duas outras
Garotas que topam tudo
Você vai se divertir.
Estou com Saudades!
Não obrigado! Acordo cedo.
Continuo no mesmo trampo.
- Tá bom a gente se vê depois.

Copyright© Tom Vital/25/01/1990

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domingo, 8 de novembro de 2020

Jão

 Jão Para Élcia que pediu um poema para o Jão

Jão se foi
A família Silva
Está de luto.
Jão se foi,
Amanheceu duro e frio
Assim Élcia, sua cuidadora e dona o encontrou
Logo cedo, quando foi lhe dar ração.
Nunca mais ouviremos o latido de Jão
O balançar de rabo de jão.
Nunca mais as lambidas de Jão.
Jão se foi
Nunca mais a alegria de Jão
Quando Bruna for visitar os pais
Nunca mais o olhar meigo de jão
Quando Bruno chega de viagem.
Jão se foi
Nunca mais o saltitar álacre de Jão
Quando Rogério chega do trabalho
Jão se foi
Nunca mais a ansiedade de Jão
Para devorar a ração
Quando Élcia ia todas as manhãs
Trocar-lhe a água e servir-lhe
Uma boa porção de ração.
Jão se foi
Nunca mais Jão lindo e cheiroso,
E com a cara de inconformado
Com o banho.
Dura e amarga virada de página
Na vida da Família Silva.
A Família Silva amava e estimava
Jão um gorducho cãozinho vira-lata
Como um de seus entes mais queridos.
Jão...Jão...
Sempre saltitante sempre fiel
Atento e vigilante, com seu latido estridente
Dando sinal de tudo o que acontecia a volta da casa.
Jão se foi
Mas viverá para sempre na memória de todos
Como uma grata e boa lembrança
Na história da Família Silva.
Copyright© Tom Vital/07/11/2020

Foto: Jão

sábado, 17 de outubro de 2020

Palíndromo


 

Palíndromo

Você parece ser frágil e imponente

Como uma rosa vermelha

Na haste alta.

Seu sorriso é contagiante como

Um Girassol em pleno verão

Ana Hannah...Ana Hannah...!

Te amo de frente e verso

Não por seu nome

Ser um palíndromo.

Mas por ser bela linda

E perfeita em seu corpo de mulher.

És lisa como uma linha de anzol

Desliza pela minha cama

Como uma sereia em alto mar.

És safo na arte de amar.

Quando tens sede!

Sou o peixe que você sempre pesca

Usa, abusa e depois devolve

Para as águas turvas do açude...

E volta a fisgar

Antes da próxima piracema.

 

Copyright© Tom Vital/17/10/2020

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Antes Da Hora

 


Antes Da Hora

Rindo a garota, muito gata !

Me disse:

“Meu bem você tirou

Antes da hora....”               Foto da Internet


Sim muito afoito

Tirei antes da hora...

Mas foi o cartão alimentação

Da maquinha no caixa do supermercado.

 

Copyright© Tom Vital/12/09/2017

sábado, 10 de outubro de 2020

Eu O Nossa Amizade E O Duende

Foto da internet


 

Eu O Nossa Amizade E O Duende.

Tenho alguns fios de cabelos brancos,

Nas têmporas, já faz um bom tempo.

Mas hoje segunda-feira brava,

De Ressaca forte das cachaças de sábado e domingo,

Ressaca tão forte que depois de mais de dois anos

Me vi obrigado a tomar um comprimido da Santa Neusa...

Porém assim que ia abrir o chuveiro,

Percebi um cabelo branco na cabeça do meu pau

Fiquei intrigado.

Procurei na virilha e no saco

E encontrei outros filamentos brancos.

Mas o Nossa Amizade endureceu rapidamente,

Olhou-me nos olhos com ternura

E disse-me amigavelmente, e com bondade.

- Esquenta não Brow, estou firme e forte, como sempre.

Ainda compartilharemos muitas xoxotas juntos.

Foi então que um terceiro personagem adentrou o boxe:

Era um arrogante e atrevido duende verde:

- Escuta o Nossa Amizade não, poeta, pegue um espelho

E perscrute o toba, e você verá ali também,

Um bocado de cabelos brancos.

Porém quem lhe respondeu foi o Nossa Amizade:

- Escute aqui sua coisinha horrível do inferno:

Primeiro não sou sua amizade não.

Segundo se não caíres fora, já, eu vou te enrabar agora mesmo,

E comer sem dó esse seu cu fedorento e sujo de bosta.

Com medo o duende cascou fora.

Depois o Nossa Amizade levou um papo sério e reto comigo:

- Poeta sim!Ainda teremos muitas alegrias juntos.

Porém você precisa ter mais carinho e melhor cuidado com esse,

Seu parceiro de boemia.

Ainda me lembro aquele dia no laboratório de flotação,

Da Mineral,quando você estava fazendo ensaio de liquedenso,

Aquele volume de bromofórmio que você, sem querer derramou,

Na minha cabeça e no meu saco ardeu e queimou pra caralho.

- Fique tranquilo Nossa Amizade doravante,

Vou cuidar bem melhor de você.

Tomei meu banho tranquilamente, me arrumei

E sai para o trabalhado alegremente assobiando

A música do Berlogramm: Evoé Blues.

Pronto para mais uma semana de labuta.

Copyright© Tom Vital/05/10/2020