Velho Vaso Cinza
Nunca pensei que sentiria
Saudades de um vaso sanitário.
Na infância eu fazia as necessidades
Numa privada.
Que chamávamos de casinha.
Pois era uma pequena construção de tijolos
Isolada do resto da casa.
Não tinha vaso.
Era apenas uma abertura
Em um piso de concreto.
Sobre uma profunda fossa.
Eu não ficava ali muito tempo não,
Pois tinha medo que aquilo afundasse
E me tragasse.
Foi ali que no tempo em que ainda mordia chupeta
Vi a minha avó materna pela greta.
Literalmente falando:
Ela estava de pé segurava a barra da saia
Enquanto fazia xixi.
No sentido figurado ver a avô pela greta
É tipo sentir muita dor
Quando se prende o dedo na porta...
Em Setembro último.
Paixãozinha e Eu,
Resolvemos reformar o banheiro.
Contratamos um profissional competente
E trocamos tudo.
E entre outras coisas
Joguei fora no lixo
O meu velho vaso cinza e fiquei triste
Meu vaso cinza foi embora
Estou com saudades do meu vaso cinza
Que hoje joguei na caçamba de entulhos
O meu querido vaso cinza
Onde “meditei” quase todas as manhãs
Nos últimos vinte e cinco anos.
O embrião de muitos dos meus poemas
Nasceram ali enquanto eu estava sentado
Sobre o meu querido amigo
Vaso cinza.
O novo é branco modelo moderno
Mas ainda não me conquistou.
É tipo aquele amigo recente
Que a gente não sabe se pode confiar.
Copyright©tom vital/30/09/2017
Nem sei se você vai ler o comentário, mas deixo aqui o meu agradecimento pela sua visita em meu blog. Muita honra e alegria.
ResponderExcluirTenha um ótimo fim de semana, Tom.
Sandra