O Gato De Poe

 O Gato De Poe (Para Roberto Pereira)

Era Domingo anos noventa

Eu voltava do Mineirão

Alegre e bastante mamado.

O Meu Galo Doido

Havia sido campeão Mineiro em cima do Cruzeiro.

Resolvi descer na Praça JK em Vespasiano

Para tomar a famosa saideira.

Escolhi o trailer onde um amigo trabalhava.

Estava terminando a primeira saideira

Quando vi uma loira deslumbrante

Sentada sozinha à uma mesa

Convidei a gata para sentar comigo

E por incrível que pareça

Ela aceitou de bate-pronto.

Nos apresentamos ela disse

Que se chamava Isis

Tinha os olhos verdes e era realmente linda.

Tomamos algumas cervejas

Falamos algumas amenidades

Até que a certa hora eu a convidei

Para irmos para Belo Horizonte

Faltava poucos minutos para as 22 horas

Estava quase na hora de, o ônibus passar

Ela aceitou...

Mas de repente me dei conta que

Dona Maria me esperava em casa,

No dia seguinte era a maldita segunda-feira ,

E naquela semana eu estava trabalhando

Na parte da manhã.

Nessa época eu trabalhava numa Indústria

De bebidas gaseificadas

Também ditas refrigerantes.

E teria que acordar as 5 da manhã

Realmente não dava para ir para a gandaia

Com aquela maravilhosa gata

Maldito senso de responsabilidade.

Pedi desculpas para a garota

Paguei a conta deixei uma cerveja

Paga e fui embora.

Quando eu estava subindo a minha rua

Uma rua bastante ingreme

Parei num canto de um muro escuro

Para mijar, foi quando um gato preto

De olhos brilhantes como uma brasa

Vermelha no escuro roçou em minhas pernas.

Disse-lhe sai bicho.

Ao que ele me respondeu:

-Bicho é você Poeta Sexta-feira

Eu sou Plutão, The Black Cat o Gato de Poe.

Senti um frio na espinha dorsal

E um arrepio na nuca.

E pensei meu deus um gato que fala.

Mas recobrando a calma

Falei: Gato de Poe?

Eu conheço o Corvo de Poe.

- Poeta Sexta feira você é um ignorante

Quanto a Poe precisa ler mais.

Então ainda que bêbado pensei

Deixei a loira mais gostosa do mundo lá na Praça

E agora encontro um gato que fala

E ainda diz que é o gato de Poe

Eu realmente devo estar bem bêbado.

E o gato falou:

-Nunca mais.

Nunca mais o quê perguntei?

-Nunca mais você verá aquela loira

Que hoje você deixou escapar.

Como Você sabe da loira gato de Poe?

Ele apenas tornou a falar remendando o Corvo

-Nunca mais.

Durante muito tempo retornei à Praça JK

Aos Domingos à noite na esperança de

Encontrar a tal loira...

E realmente nunca mais encontrei a loira.

Que eu deixei passar em branco.

Nunca mais.

Copyright Tom Vital/23/10/2021