terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Na Estrada Para Estocolmo

Na Estrada para Estocolmo


 

Não distingo água e vinho

Vinho e água

Pão e sal, sal e pão

Sou quem sou...

Se não fosse

Não lhes diriam

Químico poeta

Preparo eu mesmo

Meu próprio alucinógeno.

Há muito venho pavimentando

Minha via poética

Com guano de pombo.

Sou antiaderente

Detesto pessoas adesivas

Caminho sempre só.

Meu coração de poeta

Varri para trás da porta.

Tenho olhar aguado

Feito um cão vira-lata

Ou cadela no cio.

Aedo me fiz imortal

Mas carrego um inferno no peito.

O meu nome você sabe

Você viu

No velho mapa-múndi

È nome de homem e de nação

Na Itália existe um ditado:

"... São todos bons".

Veja a grandeza do meu nome.

Meu avô era um velho índio

De antepassados incas

Criei a minha própria lenda

E já não sei o que é verdade

E o que é mentira.

Não sou poeta

Sou pó erva

Pó mate

Pó eira cósmica

Sem eira nem beira

Polichinelo

Não pé de chinelo.

Toda estrada que pego

Todo atalho me leva a Estocolmo

Estocolmo me espera

Estou chegando

Suado cansado descalço

De pé no chão

Arrastando a língua

Implorando amor

E perdão de puta

Chupando manga

Recebendo chutes

Feito um cão sarnento.

Mas não recebendo ordens

De um sargento

Sou capitão

Do meu próprio regimento

De marionetes de papelão.

Bambo-balão

Quero arroz com feijão

Depois um banho quente

Uma cama macia

E uma loira de verdade

O que mais posso querer

Chegado a Estocolmo?


 

©tom vital/22/02/2009


 


 


 

Um comentário:

  1. Foi divertido ler isso. Parece que o poeta estava só brincando com as palavras.

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