sexta-feira, 25 de março de 2011

Barcos De Papel


Barcos De Papel

 

Quando criança, indo rumo à escola,
Levava sempre na mãozinha
Um lápis e um fino caderno.

 

Mas quando ao lar eu regressava,
O lápis sempre voltava,
Mas do caderno o que restava
Era apenas capa
E uma ou duas folhas escritas.

 

Se durante a aula,
Quem passasse pela calçada
Se pro alto olhasse,
Da minha sala
Veria sair pela janela
Uma esquadrilha de aviõezinhos de papel.

 

Dois a dois saíam a voar.
O que caía no asfalto
Logo vinha um carro amassá-lo.
O que caía numa poça d'água
Logo se desfazia.

 

Se o dia era chuvoso,
O pátio enchia d'água
E o recreio se limitava à sala.

 

Mas eu sempre teimoso,
Um jeito arranjava
De meus barcos de papel soltar.

 

Soltava-os na água estagnada
E agitando-a, fazia-os mover.
Um vento que passava,
Vendo meu esforço,
Vinha logo me ajudar
Fazendo-os dar volta ao pátio.

 

Mas logo ouvia-se o toque da sineta.
Era o fim do recreio,
Tristemente à sala eu me recolhia.

 

No outro dia, quando eu retornava
A chuva os havia destruído
E feliz eu começava tudo de novo.

 

© Tom Vital/1984...Publicado                (Imagem da Internet )

(In...Álbum De Infância -Supostas Memórias).

Um comentário:

  1. Rsrs as brincadeiras de criança eram as melhores, o mundo parecia um brinquedo.
    Gostei muito Tom.

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