quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Apagão

"O verdadeiro artista

"Despreza as limitações materiais"

(Jerrard Tickell, O Bezerro de OURO)

Apagão


 

No fim da minha rua

Aqui no meu cantinho

No Caieiras, em Vespasiano

Onde eu fiz no ar o meu castelo

De papel, com os naipes do baralho...

E onde eu vivo com a Fatinha.

Numa encruzilhada

Perto da Macumba do Encantado

Eu encontrei:


 

Uma garrafa quase cheia

De Bênça Preto Velho

Uma galinha caipira

Preta e morta, defunta ainda quente

E uma Vela Mariana acesa.


 

A Caninha da Roça eu vou beber

São tantas as provações

Que o destino tem me reservado

Que até ando sedento

De uma boa aguardente

Das sensações fortes

"Que o álcool empresta ao ébrio

E o artista encontra no absinto."


 

A Vela Mariana eu vou levar

Para casa, pode fazer falta

Nesses tempos de ameaça

De apagão elétrico.


 

Poeta meu amigo, meu camarada

Com a galinha preta

Eu vou fazer uma substancial galinhada

Com um pouco de arroz e piqui

Será o meu jantar

O meu manjar

A minha ceia

Na santíssima noite de Natal.


 

E você poeta se quiser....

Está convidado

É só passar lá em casa á meia-noite

Do dia vinte e quatro de dezembro.


 

Não haverá sermões

Nem ladainha

E será bem melhor

Que um banquete

À moda Camões.


 

Copyright©Tom Vital 22/12/2001


 


 


 


 


 

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