sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Poema De Natal

Poema De Natal


 

A meia noite

Um galo cantou distante

(Possivelmente o canto de um galo carijó)

Galo forte cantador.

Anunciando que ao longe

Num berço de palha qualquer

Ou num buraco qualquer

De alguma favela da zona sul

Nasceu um menino

O mais pobre

O mais simples

E ao mesmo tempo

O mais rico de todos.


 

Nas igrejas

Os sinos tocaram

Nas casas

Champanhas espocaram

Garrafas de uísque

Cerveja e cachaça

Foram abertas

Fartas ou não

As mesas estavam postas

E fogos de artifícios

Iluminaram a noite.


 

A meia noite

A estrela de Belém

Brilhou no céu

Mas ninguém a viu

Ninguém não

Apenas um poeta

Bêbado e solitário

Que caminhava pelas ruas desertas

Namorando estrelas

A estrela de Belém avistou.


 

O poeta

Deteve-se a olhá-la

A estrela de Belém

Veio caindo... Caindo

Caindo,


 

Imóvel o poeta

Que não era místico

E nem esotérico

Observava atentamente

Aquele fenômeno.

Mas a meio metro do chão

A estrela de Belém

Parou de cair

E pairou no ar.


 

Novamente um galo cantou distante

Anunciando o nascimento do Cristo

E da escuridão da noite

Com as luzes internas

E os faróis apagados

Para não dá bandeira

Uma negra limusine surgiu.


 

Assim como a estrela de Belém

A limusine também parou

Sob o viaduto:

São Francisco?Da Floresta?

Das Almas?Da lagoinha?

Do Chá?

Que diferença faz?

Não importa.


 

Importa que as portas

Da limusine foram abertas

E do veículo

Três magos saltaram

Não traziam nem ouro

Nem prata

Nem incenso nem mirra

Mas saltaram usando capuzes

E de armas engatilhadas.

E ali mesmo sob a luz da estrela de Belém

E do olhar atônito do poeta

Que nada pode fazer para salva-lo

Fuzilaram o menino Jesus

Que fumava crack na calçada.


 

Copyright© Tom Vital/20/12/1995

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