sábado, 21 de abril de 2012

Lira Dos Meus Vinte Anos



 

Lira Dos Meus Vinte Anos
Está de volta o cometa Halley
Cresce o movimento Gay
Cada vez mais articulado e organizado
Vinte anos faz que eu cheguei
Atleticano,belo-horizontino e macho:

 

Mas sem preconceito
Aos Vinte anos,uma pica dura
É e será, sempre uma pica dura
À espera de uma bunda vaga
De uma vaga bunda
Qualquer distinção
É mera retórica.

 

Quarenta anos após o holocausto
De Hiroshima e Nagasaki
A Humanidade está cada vez mais paranoica
Da minha janela no bairro São Francisco
Em Belo Horizonte,assisto a popularização
Da antena parabólica.

 

Da temível e já curável sífilis
Chega a vez da terrível AIDS
Cuja causa é um desconhecido vírus
Que vem desafiar o humano intelecto.

 

Em todo o mundo pesquisadores,
E cientistas trabalham horas a fio
Na conquista desse novo desafio.

 

Já quebramos a barreira do som, rumo ao infinito
Já pisamos a lua
Já somos capazes de curar a hidrofobia
E também a maldita gonorréia
Só não vencemos ainda do homem
Os piores dos inimigos...

 

A humana-paranóia
E a imbecilidade humana.
Copyright© Tom Vital/16/02/1985

 


 


 


 


 


 


 


 

domingo, 15 de abril de 2012

Poema De Um Tempo Passado



 

Poema De Um Tempo Passado
A chuva caia lá fora

O poema bateu na janela

A chuva caia lá fora

Abri a janela

A chuva caia lá fora

O poema entrou

A chuva caia lá fora

Fechei a janela.


 

A chuva caia lá fora

O poema se alojou

No papel em branco

Da máquina de escrever...

A chuva caia lá fora

Tai veio lá da cozinha

E se abaixou para apanhar algo no chão

Vi sua calcinha preta no rego rosa da bunda...

Meu irmão,meu melhor amigo

Eriçou-se todo.


 

A chuva caia lá fora

Tai esticou uma ganja

A chuva caia lá fora

Tai acendeu a ganja

Com a bituca de um cigarro

Sem filtro.

A chuva caia lá fora

Tai deu um tapa na goiaba

E me repassou...

A chuva cai lá fora

Tai sentou no meu colo.

A chuva caia lá fora

A minha mente se anuviou

E desviou-se do poema...


 

A chuva caia lá fora

As letras da máquina e as palavras

Do poema se embaralharam.

A chuva caia lá fora

Tai começou a cavalgar no meu colo.

A chuva caia lá fora

Fiquei tão leve

Que não me lembro de mais nada

Apenas que a chuva caia lá fora.

Copyright©Tom Vital/05/11/1984


 


 


 


 


 

domingo, 8 de abril de 2012

Fúria

Fúria

Meia-noite e meia

Baixa nele a entidade poética

Da sua pena

Das suas veias

Jorram o sangue

Da musa louca.


 

A musa é louca

(E come pedra)

A vida é pouca

E curta.

Mas o poeta tal qual o filósofo

Que proclamou a morte de Deus

Diz-se ateu... (Agnóstico).


 

Escarra nas teclas da máquina de escrever

Mas não encontra nenhuma resposta

Urina nas teclas da máquina de escrever

E não encontra a desejada resposta.

Soca a e depois defeca nas teclas da máquina de escrever.

Mas também não há resposta.

Desesperado feito um lobo solitário no deserto

Arranca com fúria o papel da máquina e chora

Suas lágrimas caem sobre o papel...

Formando a imagem de um corvo negro

De bico rubro.

Será um corvo Flamenguista?

(Mas o poeta é Galo Doido...)

Será o corvo de Poe?!


 

Ai está a resposta!

Ai está o verso!

Ai está o poema

Ai está o seu deus!

Sucumbindo à vontade do poeta.

Copyright©Tom Vital/01/06/1997


 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Diagnóstico Falso


Diagnóstico Falso

 

Não perdi o trem da história

Nem o bonde da divina alegria

(Cadê os bondes? onde estão os Jardins? Pergunta Carlos)

Perdi mãe e irmã

Perdi a mocidade

Essa sim

E a saúde também.


 

Dona Dica morreu de derrame cerebral

Maria helena idem:

(Causado por uma queda sofrida no hospício onde estava internada)


 

Aos vinte e oito anos

Uma revelação um, choque

Um susto, "descubro que sou hipertenso" *


 

Por ora

Nenhum infarto

Nenhuma safena

Ou coronária


 

O ex-adolescente que tinha planos

De morrer aos dezoito anos

Feito Chatterton

Ou aos vinte e um anos

Como Álvares de Azevedo

E outros Românticos

É sacudido.

E descobriu

Que iria viver muito

Pois era maldito

Mas não era belo.

Redescobriu a vontade

A gana a sede

De lutar amar

Viver cantar e sonhar.


 

Na verdade

Perdi foi o ônibus

O buzão, o vermelhão

Que me leva para o trabalho.

Hoje vou matar serviço

Antes que o serviço me mate

Vou aproveitar o tempo

Antes que o tempo se acabe.


 

Hoje vou comer pipoca

Beber cerveja

Rebater a ressaca

Coçar o saco

Soltar gases.


 

Regina... A feijoada

De ontem

Estava ótima

Amanhã... Amanhã

É terça-feira

Retomo a rotina.


 

Copyright© Tom Vital/08/01/1996

*Era apenas medo do jaleco branco do médico