domingo, 19 de dezembro de 2010

O Poeta

O Poeta


 


 

O engraxate, o poeta e o Titanic afundam

Só as merdas bóiam.

Na madrugada gatos eufóricos

Badernam nos quintais.

Quebrando o derradeiro silêncio da noite.

Namorados ousados trepam e se estrepam

Trepados nos telhados.

Arranha-céus de vidro

Brilham sob a luz dos relâmpagos.

Orgasmos vulcânicos rasgam

O ventre da mãe terra

Abrindo inomináveis crateras lunares.

E o poeta depois de uma noite de orgia

Embalada pela fada verde

Desce do seu pedestal

Para ganhar o pão de um novo dia.


 


 

©Tom Vital/2008

www.tomvitalabsinto.blogspot.com

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Haicai

Haicai


 

A chuva cai

O Raio cai

E mata

A chuva e o haicai.


 

©Tom Vital

06/06/2009

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Vespasiano


Vespasiano

 

 
Noite alta

Céu de prata

O sapo coaxa

A lua gorda se acha

Dona da noite

A dama-da-noite exala

Seu cheiro inebriante

Louco e ébrio

Feito um lobisomem

No cio

Devoro o mais belo

E quente traseiro

De Vespasiano

Debaixo de um pé

De aroeira

Que é madeira

Pra dá em doido.

©tom vital/16/12/2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Acróstico

Para A Espanhola


 

Lua cheia poesia

Olhos da noite no céu

Urge por entre a neblina

Risonha faceira e serena

Despindo a tristeza da noite

Estendendo seu véu de luz radiante

Sobre a terra que sonha triste medonha.


 

©tomvital/1983

Tomvitalabsinto.blogspot.com

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Vagabundo


Vagabundo


Sou mendigo vagabundo e sonhador
E fiz da vida um poema de amor
Ando sempre só, e sem dinheiro
Escrevendo meus poemas nas paredes do banheiro


Durante o dia ando triste, deprimido
E não há comprimido que me cure
Do que a lua cheia, e a madrugada
Que são as namoradas que eu tenho


Nas noites em que vadio Trago sempre a meu lado uma mulher
Que comigo bebe e faz amor
E em troca dou-lhe, vinho, cigarro, e meus poemas de amor


Viola eu não tenho não
Mas trago sempre afinada as cordas do meu coração
Que é de onde tiro inspiração.


Detesto sapato terno e gravata
E só uso tênis e calça desbotada
Das camisas que eu tenho
Arranquei todos os botões


Se faz frio ou calor, nunca uso blusa
E só ando de camisa aberta
E boy que é boy não dobra as mangas, arranca-as.




Copyright tom vital/25/08/1984

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Conversa Fiada


Conversa Fiada



Sou louco
Sou barroco
Prático
Nunca teórico
Arquiteto dissimétrico
De um mundo caótico.




Já fui zoneiro
Viciado em puta
Quando adolescente
Frequentava a zona todos os dias.
Mas amar é para os fortes

Não para quem quer
Amar... Amor...
Dessa arte
Quero ser aprendiz sempre.

Hoje meu aniversário de 37 anos
Estou sem grana, sem mulher
Ninguém me abraça
Ninguém me beija
Ninguém me empresta a Veja
Ninguém me dá a bunda
Ninguém me chupa o pau
Ninguém me empresta a Carta Capital.




Leio O Pasquim
O Diário Da Tarde
A Razão, da Luana e do Jonusan
E a Lista Telefônica
Do Alto Médio Rio
Das velhas.
Copyright ₢ Tom Vital/22/02/2002

Foto: Flavio Tavares/O Beltrano

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Duchamp


Duchamp




A sombra de Duchamp é o cavalo de Duchamp
A sombra do cavado de Duchmap é Duchamp
Duchamp montado no cavalo de Duchamp
É o cavalo de Duchamp montado em Duchamp
O cavalo de Duchamp montado em Duchamp
É Duchamp montado no cavalo de duchamp
O urinol na cabeça de Duchamp
É um chapéu
O chapéu na cabeça de Duchamp
É um urinol
O urinol no chão
O chapéu no chão
Duchamp no chão
Onde urinar?




© tom vital/20010/MG

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Malu Mader


Malu Mader
Numa noite americana e aveludada
De uma sala de cinema
Contracenei com Greta Garbo
Ava Gardner, e Rita Hayworth
Beijei Brigitte Bardot
Marilyn Monroe comigo fez amor.


Lutando contra os nazistas
Com Steve McQueen
Fugi do inferno.


Fui mocinho
E também bandido
Texas, Arizona, Louisiana...
Com John Wayne eu cavalguei
Al Capone na Chicago dos Anos Trinta
Com Eliot Ness troquei tiros.


Assassinado em Hitchcock
Acordei assustado
Sendo acalmado
Pelo olhar
Que excita e que fascina
De Malu Mader em Top Model
Pendurada na parede do meu quarto.


©tom Vital/30/05/1990


.

sábado, 13 de novembro de 2010

Um Natal Brasileiro


"O verdadeiro artista
"Despreza as limitações materiais"
(Jerrard Tickell, O Bezerro de OURO)
Um Natal Brasileiro

No fim da minha rua
Aqui no meu cantinho
No Caieiras, em Vespasiano
Onde eu fiz no ar o meu castelo
De papel, com os naipes do baralho...
E onde eu vivo com a Fatinha.
Numa encruzilhada
Perto da Macumba do Encantado
Eu encontrei:


Uma garrafa quase cheia
De Bênça Preto Velho
Uma galinha caipira
Preta e morta, defunta ainda quente
E uma Vela Mariana acesa.


A Caninha da Roça eu vou beber
São tantas as provações
Que o destino tem me reservado
Que até ando sedento
De uma boa aguardente
Das sensações fortes
"Que o álcool empresta ao ébrio
E o artista encontra no absinto."


A Vela Mariana eu vou levar
Para casa, pode fazer falta
Nesses tempos de ameaça
De apagão elétrico.


Poeta meu amigo, meu camarada
Com a galinha preta
Eu vou fazer uma substancial galinhada
Com um pouco de arroz e piqui
Será o meu jantar
O meu manjar
A minha ceia
Na santíssima noite de Natal.


E você poeta se quiser....
Está convidado
É só passar lá em casa á meia-noite
Do dia vinte e quatro de dezembro.


Não haverá sermões
Nem ladainha
E será bem melhor
Que um banquete
À moda Camões.


©Tom Vital 22/12/2001




Imagem Da internet






quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Regina I


Regina
"Ah, como é grande o mundo à tíbia luz das velas..."
Baudelaire
Nesse insípido, inodoro janeiro
De minha musa ausente
A vida bate fabril e latente
Dentro do peito
Num descompassado e saudoso
Coração rarefeito...
Minha amada está em Goiânia.
Mas não feliz e contente.


Sob as asas da esperança,
Viaja a tratamento médico.
No Caieiras em vespasiano
Descubro e leio
Um grande poeta lírico:
Horácio, célebre vate romano.


A chuva que cai lá fora é torrencial,
Carregada de raios e trovões.
Aqui dentro à tíbia luz de velas
Leio e releio A Arte Poética
Mais conhecida:
Como Epístolas aos Pisões.
Enquanto ansioso aguardo,
Não sei que sina,
Vou compondo para A Razão
Versos de poesia política.
O telefone toca... Eu atendo...
Um instante de silêncio... Depois
Uma voz suave, porém distante...
Era a Regina.
©tom vital/18/01/2002


















 

soraya


Soraya


Fiz um rock
Para Soraya
Só para amar Soraya
Sol praia mar Soraya
Só para amar Soraya.


Pensei que tivesse esquecido...
Moça divina
Quando você passa
Meu coração se toca
Mulher menina.


Fiz um rock
Para Soraya
Sol praia mar Soraya
Só para amar Soraia.


Como nunca fui de cumprir
Promessas banais de amor
Só as mais cabeludas.
Hoje guardo apenas na memória
Intacto como se fosse
Relíquia de família
O guarda-pó branco
(De químico)
Com a marca púrpura de batom
Aquele jaleco branco
Que um dia tão carinhosamente
Você lavou passou e lascou um beijo.


Fiz um rock
Para Soraya
Só para amar Soraya
Sol praia mar Soraya
Só para amar Soraya.


©tom vital/02/12/1987

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Memórias Do Subsolo


Memórias Do Subsolo


No meio do caminho tinha o vício
No meio do caminho sempre há todos os vícios
No meio do caminho tinha o vício
A loucura, a insensatez do jogo.


No meio do caminho tinha uma mesa de bacará?
Uma banca de carteado?
No meio do caminho tinha um jogo de cacheta?
Uma rodada de pif-paf?


No meio do caminho tinha uma partida de truco?
Uma mão de vinte-e-um?
No meio do caminho tinha um Pôquer de Sangue?
E o poeta underground tirou de cara um full-hand?
Em seguida tirou um straigth flush?
E logo depois na seqüência um Royal Straigth Flush?
E o poeta outsider ganhou uma fortuna e foi viajar?


Não, não é verdade, no meio do caminho não tinha nada disso
E o poeta não ganhou nenhuma fortuna, e nem foi viajar
Mas no meio do caminho tinha um chamariz para otários
Uma casa de jogos eletrônicos, um caça-níqueis.


E o poeta era idiota, era louco
O último imbecil do mundo
E foi aí que ele perdeu todo seu dinheiro
Perdeu toda a moral
Perdeu toda a dignidade
E conheceu e amou a angústia e o sofrimento
E naquela e em outras noites
Jamais amou a Fatinha.


No meio do caminho também sempre há
Todas as virtudes.
Ah!...Mas isso é outra história.


©Tom Vital/2001

O Vô Vital


O Vô Vital


Meu pai é o Vô Vital
Carinhosamente assim o trata
A garotada que mora em minha rua.
Meu pai tem uma carroça
Que ele mesmo construiu
E uma mula pêlo de rato
Chamada Catarina.


Todas as tardes quando
Ele volta cansado do trabalho
Cansado, porém sorridente:
"Lá vem o Vô Vital"
Alegremente assim grita
E sai correndo ao seu encontro
A criançada que mora em minha rua
Gentilmente o Vô Vital para a carroça
Para que todos subam
Para uma curta viagem pelo quarteirão...


Um ônibus desgovernado, na Antônio Carlos
Já lhe pegou a carroça
Mandando-o para o hospital
E tirando-o de circulação
Durante vários dias.


Mas como guiar a sua carroça
É a única maneira honesta
Que papai sem estudos
Vindo do interior
De ganhar o próprio pão
Ele nunca desiste.
Chicote na mão
Torso erguido
Chapéu de palha na cabeça
Preso ao queixo por um pedaço de barbante
A roupa sempre rôta
Com a sua carroça e a sua mula Catarina
Meu pai trabalha fazendo carreto
E enfrenta diariamente com a coragem de um leão
O louco e selvático trânsito de Belo Horizonte.


Meu pai é o meu herói
E também o herói da garotada
Que mora em minha rua
Não um herói comum
Estereotipado como um Batman
Ou um Super-Homem
Simplesmente um anônimo carroceiro.


Meu pai é o "Vô Vital".
Carinhosamente assim o trata
A criançada que mora em minha rua.
©Tom Vital/30/06/1990



O Bebê Fátima


O bebê Fátima


O bebê Fátima/tão pequenino/que gracinha/
Brinca no tapete/enquanto aguarda/a mamadeira.
O bebê Fátima/tão pequenino/que gracinha/
Brinca no tapete/enquanto mamãe Cira/lhe prepara
A mamadeira.


O bebê Fátima/dorso livre/vestido apenas/
Com uma fralda plástica /olha o mundo sonhador/
Admirado e perplexo/com as coisas ao seu redor/
Querendo abarcar tudo/feito um filósofo/e sem nada
Entender...


Mas um dia /o bebê Fátima cresceu/e hoje o bebê
Fátima/mora lá em casa/o bebê Fátima é a dona
Do meu coração/o bebê Fátima/é a minha
Eterna namorada.
©Tom Vital/02/05/2004









terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sonho De Um Anarquista


Sonho De Um Anarquista


Eu sou um sonhador
Meu sonho é de amor
Eu sou um sonhador
Meu sonho é de liberdade
E igualdade.


Eu sou um sonhador
Meu sonho é de felicidade
E também simplicidade.


Meu sonho é de paz
(O bem supremo)
E ninguém sabe do que eu sou capaz...
Eu sou um sonhador
Meu sonho é de amor.


©tom vital/1985



sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Canto Do Lobo


O Canto Do Lobo


Em solteira
Minha mãe era candongueira
Cantadeira
Cirandeira
Cigarra trigueira
Com ela aprendi meu canto
Nem alegre
Nem triste
Talvez comedido
Mas não hermético.


Agora se a vida dá rasteira
Jogo capoeira
Dou uma voadora
Passo por sobre a cerca
Bato forte colocado,
E dou sorte;
E não tenho medo
De cara feia
De vizinho inquilino
Ou inimigo.


Sou de paz e amor
Bicho, companheiro!
E como o impávido e justo
Guerreiro, Jornalista José Jonusan
Que fez do jornalismo profissão de fé

Encaro de frente o bom combate
E não preciso beber cachaça com pólvora
(como fizeram os militares do Massacre de Ipatinga)
Para dar valentia e braveza.


Mas na vala comum
Da vida em que me encontro
Sou um lobo solitário
De pescoço em riste
Uivando para uma lua sempre ausente
E nenhuma estrela vadia
Vagueia pelo céu do meu oriente
Apenas a Regina de Fátima
Minha Estrela do Norte
Brilha pálida, pálida... Na minha Via Láctea.


Copyright₢tom vital/22/09/2002


















quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Carta De Amor De Um Poeta Louco A Uma Jovem Enfermeira


Carta De Amor De Um Poeta Louco A Uma Jovem Enfermeira.


Eu não conheço o Xerife de Denver
Acaso alguém conhece o xerife de denver
Sim!Com certeza em alguma parte
Haverá alguém que conhece o Xerife de Denver
Será John Wayne ou será Hemingway o Xerife de Denver?
Ou será o célebre ator Charlton Heston?
Presidente da associação nacional do rifle, lá deles
O xerife de Denver?
Será por acaso uma mulher o Xerife de Denver
Será Patrícia highsmith ou será Olivia de Havilland
O xerife de Denver?
Ou será a escandalosa e sensual Madonna
O Xerife de denver?
Mas que importância pode haver para mim
Um poeta menor da América do Sul
Quem seja ou não o Xerife de denver?
Eu que não assaltei nenhuma diligência
Eu que não sou nenhum pistoleiro brilhante
O gatilho mais rápido do Oeste
Para dizer a verdade nem mesmo pistoleiro eu sou
E jamais empunhei uma arma
Então porque diabos deveria eu está preocupado
Em saber quem é ou não o Xerife de Denver:


Minha adorável discípula de Florence Nightingale
O que me importa mesmo é saber qual o arcanjo
Que guarda as chaves do seu coração
Esperar que ele adormeça e subtrair-lhe as chaves
Do seu coração
E voltar a reinar exclusivo e soberano no seu pensamento
E voltar a morrer e renascer dentro da noite dia
De sua orquídea negra aberta
Tenda fenda senda seda lenda
Minha boneca de piche
Minha nega fulô
Eu que não te esqueço.
Copyright ₢ Tom Vital/2001





Apresentação


Apresentação
Nesse país
De muitos Tons
Tom Zé tai
Fazendo música boa
Boa arte
Tom Jobim partiu,
Deixando mais que saudade.


Oh Yes!
Eu não sou Moisés
E nem José,
Carpinteiro, do Egito
Ou Saramago.


Sou o caos
Sou o cosmos
Sou caosmopolita
Mistura de várias raças
Branco e negro
Índio e português
Mouro e judeu.


Sou antes de tudo Atleticano
Brasileiro e belo-horizontino
Caieirense vespasianense
E galo de terreiro.

Oh Yes!

Eu não sou Moisés
E nem José
Sou irmão da Irma
E da Elita
Da Elcía
Do Jonas
E da Maria Helena.


Oh Yes!
Eu não sou Moisés
E nem José
Sou filho da Adrenalina
(mais conhecida como Dona Dica)
Com o Vitalino
E do lado paterno
Neto do "Quileu Carolino."
Bruxo e mandingueiro
Índio e feiticeiro
Que na velhice não largava mão
De um cajado, com um dente
De cobra, incrustado.


Oh Yes!
Eu não sou Moisés
E nem José
E fodas
Se a festa acabar
Antes da hora.


Sou o caos
Sou o cosmos
Sou caosmopolita
Só mais uma dica
Sou casado com a Regina
De Fátima Lima carvalho
Oh sim!
Sou o Alfa e o Omega
Eu sou Tom Vital que nunca para
Que chora e vai cantando:
E ao contrario de São Tomé
Tenho que tocar para crer.

Vim para ficar.
Vim para pregar
A paz e o amor
A liberdade e a igualdade
A fraternidade e a reciprocidade
E no fim de tudo
Quando à hora derradeira chegar
Espero que o meu legado
Tenha sido o da ternura.
©tom vital/27/07/1997

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Dedicado A Você


Dedicado A você


Bate forte... Muito forte
Em meu peito uma saudade
Daqueles bons tempos
Em que você me sorria
E me dizia cheia de malícia
Sorrindo de uma orelha a outra
Depois da orgia, à luz do luar:
"Poeta um dia eu te amarei?
"Quem sabe".




Sem pestanejar eu lhe respondia:
Princesa eu não prometo te amar
Por toda a minha vida
Pois toda a minha vida
É pouco tempo para te amar
Prometo te amar por toda a eternidade
No céu ou no inferno.


Mas hoje a esquizofrenia dos sentidos
E o desejo latente de lhe dar um beijo
Faz de mim um bandoleiro de águas rasas
Defensor das causas mais impopulares
Com vontade de ir para o Iraque
Matar ingleses e ianques.
Tom Vital/2003



domingo, 24 de outubro de 2010


BH 100


Gôndolas singram o leito do Arrudas
Belo Horizonte é a minha Veneza
Não me digam que o Arrudas é impraticável
(A imaginação poética desconhece impossíveis)
Que a Lagoa da Pampulha é fétida
Vira-e-mexe seu espelho d'água está repleto de água-pé
E que as suas ilhas estão infestadas de onças
Capivaras e jacarés de papo-amarelo.


Belo Horizonte é a minha Florença
E a minha Roma
Belo Horizonte não tem praias
Mas Belo Horizonte é cercado por montanhas
E o dia que o mar se revoltar
E resolver invadir tudo
Belo Horizonte estará segura.
Salve... Salve... Os botecos!


Belo Horizonte é a minha casa
O meu berço, a minha pátria, a minha musa eterna
Belo Horizonte é uma adolescente de cem anos
Eu amo Belo Horizonte, seus bares, seu verde
Seu Galo, meu Galo, suas ruas, seus viadutos
Seus mendigos, seus prédios, suas favelas, seu cinza
Eu amo Belo Horizonte ingenuamente
Assim... Como se ama a primeira namorada


Belo Horizonte é a minha Londres
A minha Paris, a minha Moscou
A minha Madrid, a minha Sevilha
Só a minha Belo Horizonte
E a Nova York de Woody Allen
Possuem o dom cosmopolita
De serem todas as cidades do mundo.


Copyright ₢ Tom Vital/07/01/1996



Foto Da Internet



Poema De Natal


A meia noite
Um galo cantou distante
(Possivelmente o canto de um galo carijó)
Anunciando que ao longe
Num berço de palha qualquer
Ou num buraco qualquer
De alguma favela da zona sul
Nasceu um menino
O mais pobre
O mais simples
E ao mesmo tempo
O mais rico de todos.


Nas igrejas
Os sinos tocaram
Nas casas
Champanhas espocaram
Garrafas de uísque
Cerveja e cachaça
Foram abertas
Fartas ou não
As mesas estavam postas
E fogos de artifícios
Iluminaram a noite.


A meia noite
A estrela de Belém
Brilhou no céu
Mas ninguém a viu
Ninguém não
Apenas um poeta
Bêbado e solitário
Que caminhava pelas ruas desertas
Namorando estrelas
A estrela de Belém avistou.


O poeta
Deteve-se a olhá-la
A estrela de Belém
Veio caindo... Caindo
Caindo,


Imóvel o poeta
Que não era místico
E nem esotérico
Observava atentamente
Aquele fenômeno.
Mas a meio metro do chão
A estrela de Belém
Parou de cair
E pairou no ar.


Novamente um galo cantou distante
Anunciando o nascimento do Cristo
E da escuridão da noite
Com as luzes internas
E os faróis apagados
Para não dá bandeira
Uma negra limusine surgiu.


Assim como a estrela de Belém
A limusine também parou
Sob o viaduto:
São Francisco?Da Floresta?
Das Almas?Da lagoinha?
Que diferença faz?
Não importa.


Importa que as portas
Da limusine foram abertas
E do veículo
Três magos saltaram
Não traziam nem ouro
Nem incenso nem mirra
Mas saltaram usando capuzes
E de armas engatilhadas.
E ali mesmo sob a luz da estrela de Belém
E do olhar atônito do poeta
Que nada pode fazer para salva-lo
Fuzilaram o menino Jesus
Que fumava crack na calçada.


Copyright ₢ Tom Vital/20/12/1995

Canibalismo Amoroso


Canibalismo Amoroso


Umas mulheres eu comi
Não com dez talheres
Sou mal educado
Desconheço etiquetas
Outras me comeram:





Todo o meu dinheiro.


Copyright ₢ Tom Vital/2007