Cena
caseira
Agosto
mês do desgosto
Para quem
acredita em encosto.
Esse
não é o caso do poeta Sexta-feira
Ele sempre
lembra o que dizia
Uma sua
tia benzedeira:
“Criança
feia não pega quebranto.”
Hoje
ele não fez a sua habitual caminhada
De
sábado de manhã
Hoje
ele não viu Naná a bela caixa do sacolão
Garota
de uns vinte e cinco anos
Capaz
de acelerar
Alucinadamente
de paixão
O
coração de qualquer poeta.
Chovia
à beça ele ficou em casa
Maratonando
Merlí no Netflix.
Quando
a patroa pediu ajuda
Para
mexer o angu enquanto ela picava a couve.
O
poeta Sexta-feira não domina
Muito bem
a arte culinária
Mas sabe
que hoje em dia
Basta dar
uma googlada
E como
que num passe de mágica
É possível
fazer qualquer prato.
Porém o
poeta Sexta-feira
Entende
muito bem a arte de amar.
Ele pausou
a série e foi mexer o angu
Para a
patroa.
Entre
um gole e outro de cachaça
Ele mexia
o angu com a colher de pau
E o
aroma delicioso da suã de porco
Cozinhando
na panela de pressão
Penetrou
em suas narinas
E de
repente uma canção começou
A
tocar em sua mente
-Canto
para mim mesmo
Mas se
lhe apraz pode cantar comigo
Canto
para mim mesmo
Mas
que quiser pode me seguir.
E
nessa toada ao final do dia
Consumiu
um litro e meio de cachaça
Fora a
cerveja, mas ele não teve ânimo
Para contar
a quantidade
De latinhas
que consumira.
-Canto
para mim mesmo
Mas se
lhe apraz pode cantar comigo.
E às
duas da manhã adormeceu no tapete da sala
Copyright© Tom Vital/23/08/2020 Foto Da Internet
Poeta prendado. Parabéns pelo texto.
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