Em solteira Minha mãe era candongueira Cantadeira Cirandeira Cigarra trigueira Com ela aprendi meu canto Nem alegre Nem triste Talvez comedido Mas não hermético.
Agora se a vida dá rasteira Jogo capoeira Dou uma voadora Passo por sobre a cerca Bato forte colocado, E dou sorte; E não tenho medo De cara feia De vizinho inquilino Ou inimigo.
Sou de paz e amor Bicho, companheiro! E como o impávido e justo Guerreiro, Jornalista José Jonusan Que fez do jornalismo profissão de fé
Encaro de frente o bom combate E não preciso beber cachaça com pólvora (como fizeram os militares do Massacre de Ipatinga) Para dar valentia e braveza.
Mas na vala comum Da vida em que me encontro Sou um lobo solitário De pescoço em riste Uivando para uma lua sempre ausente E nenhuma estrela vadia Vagueia pelo céu do meu oriente Apenas a Regina de Fátima Minha Estrela do Norte Brilha pálida, pálida... Na minha Via Láctea.
Carta De Amor De Um Poeta Louco A Uma Jovem Enfermeira.
Eu não conheço o Xerife de Denver Acaso alguém conhece o xerife de denver Sim!Com certeza em alguma parte Haverá alguém que conhece o Xerife de Denver Será John Wayne ou será Hemingway o Xerife de Denver? Ou será o célebre ator Charlton Heston? Presidente da associação nacional do rifle, lá deles O xerife de Denver? Será por acaso uma mulher o Xerife de Denver Será Patrícia highsmith ou será Olivia de Havilland O xerife de Denver? Ou será a escandalosa e sensual Madonna O Xerife de denver? Mas que importância pode haver para mim Um poeta menor da América do Sul Quem seja ou não o Xerife de denver? Eu que não assaltei nenhuma diligência Eu que não sou nenhum pistoleiro brilhante O gatilho mais rápido do Oeste Para dizer a verdade nem mesmo pistoleiro eu sou E jamais empunhei uma arma Então porque diabos deveria eu está preocupado Em saber quem é ou não o Xerife de Denver:
Minha adorável discípula de Florence Nightingale O que me importa mesmo é saber qual o arcanjo Que guarda as chaves do seu coração Esperar que ele adormeça e subtrair-lhe as chaves Do seu coração E voltar a reinar exclusivo e soberano no seu pensamento E voltar a morrer e renascer dentro da noite dia De sua orquídea negra aberta Tenda fenda senda seda lenda Minha boneca de piche Minha nega fulô Eu que não te esqueço. Copyright ₢ Tom Vital/2001
Nesse país De muitos Tons Tom Zé tai Fazendo música boa Boa arte Tom Jobim partiu, Deixando mais que saudade.
Oh Yes! Eu não sou Moisés E nem José, Carpinteiro, do Egito Ou Saramago.
Sou o caos Sou o cosmos Sou caosmopolita Mistura de várias raças Branco e negro Índio e português Mouro e judeu.
Sou antes de tudo Atleticano Brasileiro e belo-horizontino Caieirense vespasianense E galo de terreiro.
Oh Yes! Eu não sou Moisés E nem José Sou irmão da Irma E da Elita Da Elcía Do Jonas E da Maria Helena.
Oh Yes! Eu não sou Moisés E nem José Sou filho da Adrenalina (mais conhecida como Dona Dica) Com o Vitalino E do lado paterno Neto do "Quileu Carolino." Bruxo e mandingueiro Índio e feiticeiro Que na velhice não largava mão De um cajado, com um dente De cobra, incrustado.
Oh Yes! Eu não sou Moisés E nem José E fodas Se a festa acabar Antes da hora.
Sou o caos Sou o cosmos Sou caosmopolita Só mais uma dica Sou casado com a Regina De Fátima Lima carvalho Oh sim! Sou o Alfa e o Omega Eu sou Tom Vital que nunca para Que chora e vai cantando: E ao contrario de São Tomé Tenho que tocar para crer.
Bate forte... Muito forte Em meu peito uma saudade Daqueles bons tempos Em que você me sorria E me dizia cheia de malícia Sorrindo de uma orelha a outra Depois da orgia, à luz do luar: "Poeta um dia eu te amarei? "Quem sabe".
Sem pestanejar eu lhe respondia: Princesa eu não prometo te amar Por toda a minha vida Pois toda a minha vida É pouco tempo para te amar Prometo te amar por toda a eternidade No céu ou no inferno.
Mas hoje a esquizofrenia dos sentidos E o desejo latente de lhe dar um beijo Faz de mim um bandoleiro de águas rasas Defensor das causas mais impopulares Com vontade de ir para o Iraque Matar ingleses e ianques. Tom Vital/2003
domingo, 24 de outubro de 2010
BH 100
Gôndolas singram o leito do Arrudas Belo Horizonte é a minha Veneza Não me digam que o Arrudas é impraticável (A imaginação poética desconhece impossíveis) Que a Lagoa da Pampulha é fétida Vira-e-mexe seu espelho d'água está repleto de água-pé E que as suas ilhas estão infestadas de onças Capivaras e jacarés de papo-amarelo.
Belo Horizonte é a minha Florença E a minha Roma Belo Horizonte não tem praias Mas Belo Horizonte é cercado por montanhas E o dia que o mar se revoltar E resolver invadir tudo Belo Horizonte estará segura. Salve... Salve... Os botecos!
Belo Horizonte é a minha casa O meu berço, a minha pátria, a minha musa eterna Belo Horizonte é uma adolescente de cem anos Eu amo Belo Horizonte, seus bares, seu verde Seu Galo, meu Galo, suas ruas, seus viadutos Seus mendigos, seus prédios, suas favelas, seu cinza Eu amo Belo Horizonte ingenuamente Assim... Como se ama a primeira namorada
Belo Horizonte é a minha Londres A minha Paris, a minha Moscou A minha Madrid, a minha Sevilha Só a minha Belo Horizonte E a Nova York de Woody Allen Possuem o dom cosmopolita De serem todas as cidades do mundo.
Copyright ₢ Tom Vital/07/01/1996
Foto Da Internet
Poema De Natal
A meia noite Um galo cantou distante (Possivelmente o canto de um galo carijó) Anunciando que ao longe Num berço de palha qualquer Ou num buraco qualquer De alguma favela da zona sul Nasceu um menino O mais pobre O mais simples E ao mesmo tempo O mais rico de todos.
Nas igrejas Os sinos tocaram Nas casas Champanhas espocaram Garrafas de uísque Cerveja e cachaça Foram abertas Fartas ou não As mesas estavam postas E fogos de artifícios Iluminaram a noite.
A meia noite A estrela de Belém Brilhou no céu Mas ninguém a viu Ninguém não Apenas um poeta Bêbado e solitário Que caminhava pelas ruas desertas Namorando estrelas A estrela de Belém avistou.
O poeta Deteve-se a olhá-la A estrela de Belém Veio caindo... Caindo Caindo,
Imóvel o poeta Que não era místico E nem esotérico Observava atentamente Aquele fenômeno. Mas a meio metro do chão A estrela de Belém Parou de cair E pairou no ar.
Novamente um galo cantou distante Anunciando o nascimento do Cristo E da escuridão da noite Com as luzes internas E os faróis apagados Para não dá bandeira Uma negra limusine surgiu.
Assim como a estrela de Belém A limusine também parou Sob o viaduto: São Francisco?Da Floresta? Das Almas?Da lagoinha? Que diferença faz? Não importa.
Importa que as portas Da limusine foram abertas E do veículo Três magos saltaram Não traziam nem ouro Nem incenso nem mirra Mas saltaram usando capuzes E de armas engatilhadas. E ali mesmo sob a luz da estrela de Belém E do olhar atônito do poeta Que nada pode fazer para salva-lo Fuzilaram o menino Jesus Que fumava crack na calçada.
Copyright ₢ Tom Vital/20/12/1995
Canibalismo Amoroso
Canibalismo Amoroso
Umas mulheres eu comi Não com dez talheres Sou mal educado Desconheço etiquetas Outras me comeram: