segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Duchamp


Duchamp




A sombra de Duchamp é o cavalo de Duchamp
A sombra do cavado de Duchmap é Duchamp
Duchamp montado no cavalo de Duchamp
É o cavalo de Duchamp montado em Duchamp
O cavalo de Duchamp montado em Duchamp
É Duchamp montado no cavalo de duchamp
O urinol na cabeça de Duchamp
É um chapéu
O chapéu na cabeça de Duchamp
É um urinol
O urinol no chão
O chapéu no chão
Duchamp no chão
Onde urinar?




© tom vital/20010/MG

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Malu Mader


Malu Mader
Numa noite americana e aveludada
De uma sala de cinema
Contracenei com Greta Garbo
Ava Gardner, e Rita Hayworth
Beijei Brigitte Bardot
Marilyn Monroe comigo fez amor.


Lutando contra os nazistas
Com Steve McQueen
Fugi do inferno.


Fui mocinho
E também bandido
Texas, Arizona, Louisiana...
Com John Wayne eu cavalguei
Al Capone na Chicago dos Anos Trinta
Com Eliot Ness troquei tiros.


Assassinado em Hitchcock
Acordei assustado
Sendo acalmado
Pelo olhar
Que excita e que fascina
De Malu Mader em Top Model
Pendurada na parede do meu quarto.


©tom Vital/30/05/1990


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sábado, 13 de novembro de 2010

Um Natal Brasileiro


"O verdadeiro artista
"Despreza as limitações materiais"
(Jerrard Tickell, O Bezerro de OURO)
Um Natal Brasileiro

No fim da minha rua
Aqui no meu cantinho
No Caieiras, em Vespasiano
Onde eu fiz no ar o meu castelo
De papel, com os naipes do baralho...
E onde eu vivo com a Fatinha.
Numa encruzilhada
Perto da Macumba do Encantado
Eu encontrei:


Uma garrafa quase cheia
De Bênça Preto Velho
Uma galinha caipira
Preta e morta, defunta ainda quente
E uma Vela Mariana acesa.


A Caninha da Roça eu vou beber
São tantas as provações
Que o destino tem me reservado
Que até ando sedento
De uma boa aguardente
Das sensações fortes
"Que o álcool empresta ao ébrio
E o artista encontra no absinto."


A Vela Mariana eu vou levar
Para casa, pode fazer falta
Nesses tempos de ameaça
De apagão elétrico.


Poeta meu amigo, meu camarada
Com a galinha preta
Eu vou fazer uma substancial galinhada
Com um pouco de arroz e piqui
Será o meu jantar
O meu manjar
A minha ceia
Na santíssima noite de Natal.


E você poeta se quiser....
Está convidado
É só passar lá em casa á meia-noite
Do dia vinte e quatro de dezembro.


Não haverá sermões
Nem ladainha
E será bem melhor
Que um banquete
À moda Camões.


©Tom Vital 22/12/2001




Imagem Da internet






quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Regina I


Regina
"Ah, como é grande o mundo à tíbia luz das velas..."
Baudelaire
Nesse insípido, inodoro janeiro
De minha musa ausente
A vida bate fabril e latente
Dentro do peito
Num descompassado e saudoso
Coração rarefeito...
Minha amada está em Goiânia.
Mas não feliz e contente.


Sob as asas da esperança,
Viaja a tratamento médico.
No Caieiras em vespasiano
Descubro e leio
Um grande poeta lírico:
Horácio, célebre vate romano.


A chuva que cai lá fora é torrencial,
Carregada de raios e trovões.
Aqui dentro à tíbia luz de velas
Leio e releio A Arte Poética
Mais conhecida:
Como Epístolas aos Pisões.
Enquanto ansioso aguardo,
Não sei que sina,
Vou compondo para A Razão
Versos de poesia política.
O telefone toca... Eu atendo...
Um instante de silêncio... Depois
Uma voz suave, porém distante...
Era a Regina.
©tom vital/18/01/2002


















 

soraya


Soraya


Fiz um rock
Para Soraya
Só para amar Soraya
Sol praia mar Soraya
Só para amar Soraya.


Pensei que tivesse esquecido...
Moça divina
Quando você passa
Meu coração se toca
Mulher menina.


Fiz um rock
Para Soraya
Sol praia mar Soraya
Só para amar Soraia.


Como nunca fui de cumprir
Promessas banais de amor
Só as mais cabeludas.
Hoje guardo apenas na memória
Intacto como se fosse
Relíquia de família
O guarda-pó branco
(De químico)
Com a marca púrpura de batom
Aquele jaleco branco
Que um dia tão carinhosamente
Você lavou passou e lascou um beijo.


Fiz um rock
Para Soraya
Só para amar Soraya
Sol praia mar Soraya
Só para amar Soraya.


©tom vital/02/12/1987

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Memórias Do Subsolo


Memórias Do Subsolo


No meio do caminho tinha o vício
No meio do caminho sempre há todos os vícios
No meio do caminho tinha o vício
A loucura, a insensatez do jogo.


No meio do caminho tinha uma mesa de bacará?
Uma banca de carteado?
No meio do caminho tinha um jogo de cacheta?
Uma rodada de pif-paf?


No meio do caminho tinha uma partida de truco?
Uma mão de vinte-e-um?
No meio do caminho tinha um Pôquer de Sangue?
E o poeta underground tirou de cara um full-hand?
Em seguida tirou um straigth flush?
E logo depois na seqüência um Royal Straigth Flush?
E o poeta outsider ganhou uma fortuna e foi viajar?


Não, não é verdade, no meio do caminho não tinha nada disso
E o poeta não ganhou nenhuma fortuna, e nem foi viajar
Mas no meio do caminho tinha um chamariz para otários
Uma casa de jogos eletrônicos, um caça-níqueis.


E o poeta era idiota, era louco
O último imbecil do mundo
E foi aí que ele perdeu todo seu dinheiro
Perdeu toda a moral
Perdeu toda a dignidade
E conheceu e amou a angústia e o sofrimento
E naquela e em outras noites
Jamais amou a Fatinha.


No meio do caminho também sempre há
Todas as virtudes.
Ah!...Mas isso é outra história.


©Tom Vital/2001

O Vô Vital


O Vô Vital


Meu pai é o Vô Vital
Carinhosamente assim o trata
A garotada que mora em minha rua.
Meu pai tem uma carroça
Que ele mesmo construiu
E uma mula pêlo de rato
Chamada Catarina.


Todas as tardes quando
Ele volta cansado do trabalho
Cansado, porém sorridente:
"Lá vem o Vô Vital"
Alegremente assim grita
E sai correndo ao seu encontro
A criançada que mora em minha rua
Gentilmente o Vô Vital para a carroça
Para que todos subam
Para uma curta viagem pelo quarteirão...


Um ônibus desgovernado, na Antônio Carlos
Já lhe pegou a carroça
Mandando-o para o hospital
E tirando-o de circulação
Durante vários dias.


Mas como guiar a sua carroça
É a única maneira honesta
Que papai sem estudos
Vindo do interior
De ganhar o próprio pão
Ele nunca desiste.
Chicote na mão
Torso erguido
Chapéu de palha na cabeça
Preso ao queixo por um pedaço de barbante
A roupa sempre rôta
Com a sua carroça e a sua mula Catarina
Meu pai trabalha fazendo carreto
E enfrenta diariamente com a coragem de um leão
O louco e selvático trânsito de Belo Horizonte.


Meu pai é o meu herói
E também o herói da garotada
Que mora em minha rua
Não um herói comum
Estereotipado como um Batman
Ou um Super-Homem
Simplesmente um anônimo carroceiro.


Meu pai é o "Vô Vital".
Carinhosamente assim o trata
A criançada que mora em minha rua.
©Tom Vital/30/06/1990



O Bebê Fátima


O bebê Fátima


O bebê Fátima/tão pequenino/que gracinha/
Brinca no tapete/enquanto aguarda/a mamadeira.
O bebê Fátima/tão pequenino/que gracinha/
Brinca no tapete/enquanto mamãe Cira/lhe prepara
A mamadeira.


O bebê Fátima/dorso livre/vestido apenas/
Com uma fralda plástica /olha o mundo sonhador/
Admirado e perplexo/com as coisas ao seu redor/
Querendo abarcar tudo/feito um filósofo/e sem nada
Entender...


Mas um dia /o bebê Fátima cresceu/e hoje o bebê
Fátima/mora lá em casa/o bebê Fátima é a dona
Do meu coração/o bebê Fátima/é a minha
Eterna namorada.
©Tom Vital/02/05/2004









terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sonho De Um Anarquista


Sonho De Um Anarquista


Eu sou um sonhador
Meu sonho é de amor
Eu sou um sonhador
Meu sonho é de liberdade
E igualdade.


Eu sou um sonhador
Meu sonho é de felicidade
E também simplicidade.


Meu sonho é de paz
(O bem supremo)
E ninguém sabe do que eu sou capaz...
Eu sou um sonhador
Meu sonho é de amor.


©tom vital/1985