sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Levitação

Levitação

Eu tenho o dom da levitação!

Mas por favor, não espalhem

Isso por ai afora não.

Não gosto muito de tocar

Nesse assunto extremamente delicado

Para não chamar a atenção

Sobre a minha pessoa.

E provocar uma imensa peregrinação

Em direção ao meu humilde casebre

Descobri que tinha esse dom

O precioso dom de levitar

Quando tinha apenas três aninhos

E desde então convivo

Tranquilamente com essa dádiva.

É o meu segredo mais oculto.

Ninguém sabia disso até agora.

Levito a três metros do chão

Desde os três anos de idade

Mas apenas em sonhos.

É um sonho recorrente

Que me acompanha desde então

Um sonho que quando acordo

Acho que estou sonhando

E quando durmo acho que estou acordado.

Dizem que grandes místicos

Do catolicismo

Experimentaram a levitação.

Assim sendo um poeta

Também tem o direito de levitar.

Quando quiser quando lhe aprouver

Quando levito

Posso ser tão rápido

Quanto um atleta olímpico

Na prova dos 100 metros rasos...

Essa noite mesmo eu sonhei

Que levitava nos braços...

Levitava suavemente nos braços

Da Camila Vallejo

Aquela encantadora Camila

Da primavera árabe no Chile.

Às vezes eu acho

Que na infância

Eu realmente levitava

E hoje apenas sonho que levito

Ou quem sabe em outras eras

Eu realmente levitava...

É um sonho tão bom

Que tenho esperanças

De um dia realmente levitar...

Mas a verdade

É que eu tenho

O dom da levitação

Desde os três anos de idade

E isso ninguém pode me tirar.

Copyright© Tom Vital/09/09/2011


 


 


 


 

domingo, 25 de setembro de 2011

Fofoca


Fofoca
Já me viram acendendo uma vela para o diabo

E a outra para Deus

E até lhe dando adeus.

Já me viram vestido com a camisa do cruzeiro

E a do Flamengo

E até pedindo arrego.

Já me viram de fraque e gravata

Assistindo a TV Pirata

E espancando um vira-lata.

Já me viram passeando com um pitbull

E até tomando caipirinha com Red Bull

Já me viram beijando outro homem na boca

Bancando o porralouca

Agredindo minha mulher

E até queimando Baudelaire

Já me viram tomando Mate Couro

Com cubo de gelo

E até lhe dando no couro.

Já me viram elogiando o Pelé

Falando mal do Garrincha

E até tomando sopa de lagartixa.

Já me viram roubando rapadura

Comendo farofa feita com bunda de tanajura

E até fazendo acupuntura.

Já me viram apertando a mão do José Roberto Wright

Cumprimentando o José de Assis Aragão

E até abraçando o Galvão Bueno.

Já me viram aplaudindo o Nunes e o Zico

Vaiando o Reinaldo José de Lima, o Dadá Maravilha

E até dormindo com a Elke maravilha.

Já me viram cagando no mato

Limpando a bunda com cansanção

Mijando do alto de um poste

Uivando feito um lobo

Desgarrado da matilha

E até assistindo ao seriado lost.

Já me viram virando lobisomem

Mula sem cabeça na semana santa

E até barrancando uma égua

Já me viram comprando um celular

Trocando de lugar...Com um traveco

No alto da Afonso Pena

E até traindo meu amor

Com a Marinete a Diarista
Já me viram fazendo isto e aquilo

E é tão grande a lista
Que até perdi um quilo.

Copyright Tom Vital/2005


 


 


 


 


 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Oração

Oração


 

Senhor estou cansado de marcar o ponto

Todo santo dia às Vinte e três horas.

Senhor estou cansado de suportar a cara

De bunda velha da supervisora bruxa Marisa.

Senhor estou cansado de aspirar

Vapores ácidos a noite toda

Senhor eu quero apenas o premio Máximo

Da Mega-Sena acumulada

E muita saúde para gozar

Esse beneficio.

Senhor atenda o meu pedido

E prometo doar mil reais

Para a construção do Templo de Salomão

Em São Paulo.

Amém...


 

Copyright© Tom Vital/20/01/2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Um Homem?


Um Homem?
Um homem é merda
Um homem é bosta
Um homem é esterco
Que um dia
Adubará a terra.
Um homem é merda
Um homem é bosta
Um homem é cinza
Que o vento carrega.
Um homem é merda
Um homem é bosta
Um homem é festa.
Carnaval churrasco
Futebol cerveja gelada
E mulher pelada...
Meia noite no hospital
Silêncio glacial.
Acompanho um doente terminal
Ele tem câncer e faz quimioterapia
Sem saber o que dizer para animá-lo
Apenas digo que um dia iremos pescar
Lá no rio Tocantins...
Tomando uma boa cachaça
Eu, ele, o filho dele e alguns amigos.
Meia noite no hospital
A morte ronda pelo corredor
Vem fazer sua colheita.
Vem vestida de púrpura
Disfarçada de prostituta
Da Babilônia.
Passa resmungando pela porta
Do quarto onde estamos
Passa resmungando
Pois ali dentro encontra-se
Um poeta em bom estado de saúde
E o seu amigo que ainda resiste
Apesar de desenganado pelos médicos.
Meia noite no hospital
Silêncio glacial.
A morte espreita
E a poesia também.
Um homem é merda
Um homem é bosta...
Meia noite no hospital
Silêncio glacial.
Já se passaram dois meses
Meu concunhado se foi
Agora acompanho
Meu velho pai
A morte espreita
A poesia espreita
Eu também...
Agora mais do que nunca
E sei que não posso dormir...
Meia noite no hospital
Silêncio glacial...
Dia seguinte,manhã de domingo,
A morte venceu!
Mais uma vez,ela levou a melhor.
Como,desde sempre.
Porém o Homem que ela levou...
Não é um homem qualquer.
O Homem em questão é um Atleticano
Que sempre torceu para o Galo,
E trabalhou na construção do Mineirão.
Um homem especial que se finda
Como muitos outros homens...

 

Copyrigh₢ Tom Vital/17/09/2011
( esboço)

sábado, 17 de setembro de 2011

Ode Ao Vinho


Ode Ao Vinho

"Quando bebo sou rei como um poeta"
Álvares De Azevedo
Poesia pode ser assim

Sem ponto

Sem vírgula

Tecida na ponta da língua

Após um bom trago de vinho

Sem regra

Nem métrica

Fluente sozinha

Molhada de vinho.


 

Após um bom trago de vinho

Também falo no dialeto bárbaro de Baco

É por isto que sempre tenho a mão

Como se fosse parte de mim

A garrafa de um bom vinho.


 

Quando fiz a primeira comunhão

Recebi a hóstia orvalhada de vinho

Ao contato primeiro

Com a hóstia molhada de vinho

Senti o gosto leve e suave

De um bom vinho

Humildemente passeado.


 

Desde então sempre sorvo

A pequenos ou a longos tragos

O sabor de um bom vinho

Sinto meu ser se completar

A alma tão leve

A mente suave

Simplesmente me sinto

Num êxtase total.

Copyright© Tom Vital/22/02/1983

domingo, 11 de setembro de 2011

Metamórfico

Metamórfico

Sou Homem?

Minha mulher diz que sim

Minhas amantes dizem que sim

Meu apetite sexual diz que sim

Minhas atitudes dizem que sim.

Pago minhas contas em dia...

Quero derrubar os muros

Que atravancam a liberdade...

Mas já não tenho certeza?

Da minha humanidade.

Dezenas de crianças

Foram mortas no Afeganistão

Devido a um erro de estratégia

Do exército americano

(não será isso crime de guerra?)

A secretária de estado

Hillary Clinton aparece na TV pedindo

Desculpas...

Gostaria de ser uma granada

Soltar o pino

E explodir entre as pernas...

Dentro do aparador de biscoito

Da secretaria de estado americano

Quando ela estivesse de quatro

E depois pedir desculpa.

Como ela faz quando vem a público

Justificar o massacre de criancinhas.

Por um erro de estratégia

Do exército americano...

Vivo na incerteza

Entre o Ser e o Não ser

Acho que sou bicho

Dia desses me peguei

Subindo pelas paredes

E querendo voar pela

Janela afora

Sorte que moro

No primeiro andar.

Acho que Kafka

Ou Ovídio

Criaram-me

Sou uma metamorfose

Mistura de homem, lobo, águia, barata

Cometa de espaçosa cauda...

Sou Homem?

Copyright© Tom Vital/06/05/2009


 


 


 


 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Acídia

Acídia


 

Há quase quatro lustros

Lúcia a professora de geografia

E colecionadora de emoções

Como ela se definia

Já dizia com todo acerto

Tentando em vão

Abrir-me os olhos:

"Meu filho

Gostando de literatura

Perseguindo a musa

Como você a persegue

Apaixonado por filosofia

Fissurado na loucura vã

De sozinho sem a orientação

De um iniciado na matéria

Digerir a Ética de Espinosa

"Dificilmente você será um bom químico."


 

Na atual conjuntura

Chego a pensar

Que a professora Lúcia

Tinha toda razão.


 

E em fremente estado de acídia

Saio às ruas da cidade grande

Minha Belo Horizonte querida.

Percorrendo feito barata tonta

Agências de emprego

Sine Not Agit e outras tantas

Em busca de uma oportunidade

De com honestidade dignidade

E o suor do próprio corpo

Ganhar o pão que mata a fome.


 

Mas ás vezes me desespero...

Por períodos que não passam

De milésimos de segundo

Nesses momentos não raros

De extremo desespero

De fremente acídia

De mim tenho medo...

(Mas Jesus me protege)

Pois tenho ímpeto de roubar

Não uma bicicleta

Como o desesperado personagem

Do clássico, de Vitorio de Sicca

Mas roubar isso sim

A burra de um banqueiro

Sionista ou não.


 

copyright© Tom Vital/18/01/2001


 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Desiludido


Desiludido
(Para O Pibinha)*
Meu amigo *Americano

Deixou de trocar Jabs

Trocou o ringue

Por uma mesa de boteco

E as luvas de Boxe

Por uma "viola de seis cordas"

Virou poeta.


 

Copyright© Tom Vital/05/02/1992

Sete De Setembro


Sete De
Setembro

 

Num sete de setembro

De 1964
Nasceu meu amigo P..

Num sete de setembro

Fumamos juntos nosso

Primeiro Kaya...

Que não chamávamos de Kaya

Mas de baseado mesmo...

Enquanto a chuva caia mansamente

E as gêmeas loiras: Cibele

E Sônia gostosamente

Mamavam em nossos membros

E na vitrola Pink Floyd

Rolava solto.

E o vinho barato também

De mão em mão
De boca em boca.
Um Sete de Setembro distante

Um Sete de Setembro

De meu amigo ausente

Em que eu tento compor

Uma balada

Para esse amigo

Uma espécie de Dean Moriarty

De On The Road que ele

Nunca chegou a ler

Mas leu que eu lhe emprestei:

"De Peito Aberto Puxando Fumo

"Levando A Vida." De OR...

Sete de Setembro meu amigo ausente

Desde 1993.

Sete de Setembro que eu nunca

Aprendi a amar.

E a minha mulher vem e reclama:
"Maldito feriado só para

Ficar em casa e me encher o saco. '

E eu respondo prontamente

"Desgraça de Sete Setembro

Por que não caiu na quinta-feira

Assim eu teria mais tempo

Pra encher a cara... Pois só

Voltaria ao batente na segunda...

Sete de Setembro que eu nunca

Aprendi a amar e que só servia

Para eu e meu amigo P. encher a cara

Doidamente... Azular o cabeção

Como ele gostava de dizer...

Copyright©Tom VITAL/07/09/2011


 

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Abandono

Abandono


 

"Levanta-te vai até Nínive..."

Amigo Maiakóvski

Empreste-me urgentemente

O seu velho revólver

De uma única bala

Talvez eu seja tão ruim

De pontaria

Que até erre o alvo.


 


 

Amigo Maiakóvski

Empreste-me urgentemente

O seu velho revólver

De uma única bala

Quem sabe na hora agá

A minha mão trema

E em vez da cabeça

Eu acerte o ouvido.


 


 

Mulher... Porque me abandonaste?

Se sabias que a carne é fraca

Se sabias que eu teria outra recaída

E voltaria correndo... Correndo

Para os braços da safada outra.


 

Copyright©Tom Vital/02/11/1997

domingo, 4 de setembro de 2011

Jack Kerouac

Jack Kerouac

Eu queria ter feito parte

Da beat generation.


 

Quando tinha quinze anos

Li Ond The Road

E queria ser como Jack Kerouac.

Pé na estrada

Mochila nas costas

Álcool na cabeça

Baseado de reserva no bolso

E o polegar levantado

Acenando

Pedindo carona.


 

Eu queria correr este enorme Brasil

De norte a sul

De leste a oeste

Pegando carona.


 

Eu queria trepar

Com a garota mais gostosa

De cada cidade

Eu queria viver

À margem da sociedade.


 

Quando tinha quinze anos.

Eu queria ser como Jack Kerouac.

Eu queria ter feito parte

Da beat generation.

Copyright Tom Vital/16/02/1990

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Meu Melhor Amigo

Meu Melhor Amigo

Para o nossa amizade.

Meu melhor amigo é o meu pinto

Ele nunca me deu pito

Mas já me deu prazeres à beça

Mas como confiar em amigo e irmão

Se até o meu pinto já me deixou na mão

Uma vez apenas que eu me lembre.

Quando tinha vinte anos

Numa noite de muita bebedeira

E outras cositas mais...

(se bem que a companheira estava mais:

Pra dona Florinda que Garota da Sukita.

Mais pra sapa que princesa.

(Mas sabe como é a propaganda...)

Discordo do grande poetinha

O melhor amigo do homem

Não é o seu cão

E nem mesmo o uísque

Dois excelentes amigos

Que eu aprecio e muito.

O melhor amigo do homem

É o seu próprio pinto

Enquanto perseguidor implacável

De periquitas mil.

Depois...?

É a hora de cessar a sinfonia...

Com a palavra os entendidos.

Copyright Tom Vital/30/12/2010