sábado, 25 de fevereiro de 2012

O Poeta E O Patinho Feio


 


 


 


 

O Poeta E O Patinho Feio


 

Não sou místico

Nem esotérico

Sou esquisito

A princípio todo poeta

É esquisito

Até mesmo os grandes

(escondo o meu rabo,

(Olho para o meu umbigo)

E digo:

Reparem Ferreira Gullar.


 

A minha transcendência também é horizontal

Auuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!

Seja numa cama de hospital

Com uma bela enfermeira

Ou numa cama de motel com uma rameira

Boa puta caseira.


 

O patinho feio

Não sabia nadar

O patinho feio

Não sabia amar.


 

O patinho feio

Era coxo gago e vesgo

E vivia repetindo:

Clic!Clic!Clic!

Imitando o som de

De uma máquina fotográfica.


 

E só se transformou num lindo cisne

Ou num pavão de belas plumas

Astro de Hollywood

Depois de passar pelas

Mãos mágicas

Do Dr.Igo Guarani.

Copyright©Tom Vital/17/10/2001


 


 


 


 


 


 


 


 


 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Carnaval


Carnaval

 

Quando eu nasci era carnaval

Não havia anjo torto

Nem anjo reto

Nem anjo esbelto

Nem anjo loiro


 

Não havia anjinhos rosados

Nem anjinhos obesos

Nem anjinhos trigueiros

Nem anjinhos pretos

Nem flores

Nem nada...


 

Havia apenas uma bem raquítica

Fada madrinha

Saída de algum rincão perdido

Lá dos confins do nordeste


 

Duendes e gnomos

Arlequins, pierrôs, sacis

Mulas sem cabeças

Lobisomens, lobigays

E colombinas

Invadiram o quarto


 

Um simpático e horrendo duende

De gorro verde

Puxou-me o pé


 

Assustada com a confusão

Que se formou

A fada madrinha

Fugiu apressada

Deixando para trás

Sua varinha de marmelo


 

O duende então

Trepou no berço

Fitou-me os olhos longamente

Disse nada não

Apenas sorriu enigmaticamente

Era surdo mudo o duende


Concluí no final:

Minha vida será

(e tem sido)

Um interminável

E psicodélico

Quadro surreal.

Um Constante carnaval.

 

Copyright ©tom Vital/22/02/1996

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Transiberiana Do Além


Transiberiana do Além
"Só existe um problema filosófico realmente sério:
É o suicídio."
Albert Camus
Cogito amiúde embarcar nesse trem

Mas, diacho só oferecem passagem de ida

Ainda não emitem bilhete de volta.

Transiberiana Do Além a estrada de mão única

Easy Rider eterno

Estrada reta, sem curva e sem declive

Penso amiúde embarcar nesse trem


 

Nessa eterna e desconhecida viagem

Transiberiana Do Além

Penso amiúde embarcar nesse trem

Atravessar o portal brincar

Os três dias de carnaval

E depois voltar, bonachão e pimpão

E encontrar outro carnaval

Do lado de cá....

Transiberiana Do Além

Quero embarcar nesse trem

Mas diacho só encontro passagem de ida.

Acho que vou tomar mais uma dose de uísque

Provar mais um pastel de fubá

Tomar outra dose de uísque

Beliscar um torresmo de barriga

E escutar outra vez Mochileira

Na voz do Almir Sater

Quem sabe essa chuva não para...

Essa vontade não passa...
Amanhã... Ah! Amanhã se não chover

O sol como sempre brilhará para todos

Indiferente do que aconteça na vida da gente

Pensando bem vou tomar

Mais uma dose de uísque

Diacho "Meus heróis morreram de overdose."

Eu também quero morrer assim...

Vera me passe a garrafa

Mate essa beata

Lamba esse prato

Guarde essas coisas

Hoje eu quero que você me mate

É de amor...

Transiberiana Do Além...Vai se fuuuudeeeeerrrrr.
Tom Vital/22/02/2008

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Finfim



 

Finfim

 

Minha cama tem finfim

Mas ainda não estou no fim

Não me chamem o cardeal Atleticano

Não me chamem o cardeal Serafim

Traga ela aqui pra mim.


 

Minha cama tem finfim

Mas ainda não estou no fim

Não me chamem o presidente FHC inseticida

Nem me chamem o demônio Torquemada.


 

Minha cama tem finfim

Mas ainda não estou no fim

Não me chamem o cardeal das montanhas

Não necessito a extrema-unção.


 

Minha cama tem finfim

Mas ainda não estou no fim

Pra complicar sofro de insônias

Por favor, troquem o meu colchão.


 

Minha cama tem finfim

Mas ainda não estou no fim

Insônias se multiplicam em minha mente

Meu nome não é Amim e nem Bonfim

Desconfio que esteja doente

Seriam as setas agudas do amor?


 

Minha cama tem finfim

Mais ainda não estou no fim

Vinde a mim todas as insônias

Loiras, brancas, negras, e ruivas.

Copyright©Tom Vital/05/11/1999