domingo, 30 de junho de 2013

Mulheres


Mulheres
Mulheres me convém!
Mulheres me fazem bem.
Mulheres não sabem amar.
Mulheres só pensam em se casar.
Lídia quer que eu conheça a família inteira
Avó, pai, mãe irmã e tia...
Sonja quer que eu freqüente a igreja pentecostal
Use terno, gravata, cabelo engomado
E carregue a bíblia embaixo do braço...
Gabriela quer que eu vá morar com ela
Num barraco de aluguel,
Pare de beber e arranje um emprego
Mais rentável...
E deixe de ir ao Mineirão
Torcer pelo Galo Doido...
Ela freqüenta a Seicho-No-Ie do Brasil
E vive me dizendo: "Que futebol é popular
"E que tudo que é popular é vulgar..."
Mulheres me convém!
Mulheres me fazem bem.

Mulheres não sabem amar.
Mulheres só pensam em se casar.
Mas eu não quero compromisso sério
Eu quero apenas brincar de fazer neném
Mas sem engravidar ninguém...
Mulheres me convém
Mulheres me fazem bem.
Mulheres não sabem amar
Mulheres só pensam em se casar.
Mulheres me convém...
Copyright© Tom Vital/22/03/1986

 


sábado, 22 de junho de 2013

Ninguém Me Representa


Ninguém Me Representa
Gosto de cachaça
Cerveja mulher, churrasco
Futebol e poesia...
Mas ninguém me representa.
Quem me representa sou eu mesmo.
Nacionalismo é coisa de babaca.
O Homem realmente Livre!


Tem apenas um mestre:
Seus desejos!
O Homem realmente Livre!
É cidadão do Mundo...

 

© Tom Vital/22/06/2013

domingo, 16 de junho de 2013

Trabalhador Otário


Trabalhador Otário
Trabalhador otário
Acordo de madrugada
Carrego marmita
Pego o ônibus lotado
Com gente cheirando
A cecê, murrinha
E bafo de cachaça no cangote,
Mau hálito e cheiro de marmita
Comida recém feita e também
Cheiro de perfume barato.
Cheiro de gente
Cheiro bom
Cheiro de povo.
Pego o ônibus lotado
Do consórcio linha-velha
Que quase sempre
Quebra no caminho,
Chego atrasado
Por culpa do transporte
E tenho que dar explicação
Pro meu adorável patrão:
"Desculpe-me pelo atraso:
"O ônibus quebrou novamente"
O quê mais eu poderia dizer?
Sou barrado na porta do banco,
Quando vou receber o meu salário.
A porta sempre trava
Se o segurança cisma
Que eu sou mal encarado.
Sou um trabalhador otário
Que ainda acredita
Na força do trabalho
Sou o mais novo sócio
Membro da confraria
Dos banguelas
Já não sorrio tão amiúde
Quanto antes.
Já não freqüento mais
Os inevitáveis eventos sociais
Mas não perco o rebolado
Não apareço na tevê
Nem leio mais poesia
Em público.
Mas como já disse antes
Não perco o rebolado
Sou brasileiro trabalhador
Otário.
Voto certo e consciente
Mas o meu voto é mal usado
Quando chegam ao poder
Todos os partidos,
Nivelam-se.
Sejam de direita
Ou de esquerda.
E a grande imprensa
Do meu país
É comprada, vergonhosamente comprada.
Sou trabalhador, eleitor otário
Sou teimoso sou tinhoso
Mas sou apenas um trabalhador otário.
E agora acabaram com a geral
E eu não posso mais assistir o meu futebol
Como pagar duzentos mangos?
Tiraram parte do meu ópio...
Agora estou puto.
Muito puto...
Sou brasileiro
Mas não estou morto
E se aumentarem a passagem:
Um centavo, dois centavos, vinte centavos
Eu vou para a rua, me unir aos jovens,
Eu também vou prostestar...
Eu vou botar fogo nessa porra
Sou brasileiro
Mas não estou morto.

 

Copyright©Tom Vital/14/06/2013

 


 


 


 


sábado, 8 de junho de 2013

Quase Futurista


Quase Futurista
Foi em Belo Horizonte.
O poeta perfeito,
Num gesto de amor à humanidade
Subiu no obelisco, dito: Pirulito
Da Praça Sete,
Quando o prefeito da capital mineira
Que só se deslocava,
De um canto para o outro em seu helicóptero particular,
Particular, porém comprado com o dinheiro público.
Discursava sobre a mobilidade urbana
E dos benéficos que haveriam de vir
Quando os BRTS estivessem em pleno funcionamento:
"Pura balela...!" - bradou o poeta perfeito.
E balançando a ursa menor
Urinou na cabeça do prefeito...
Incompreendido, o poeta perfeito
Findou seus dias entre a Pinel
E o Galba Veloso...
E se hoje os trabalhadores da região metropolitana
De Belo Horizonte anda em BRTS abarrotados
De passageiros...
É por que não fizeram coro ao poeta perfeito
Preferindo acreditar no maldito prefeito.
Copyright Tom Vital/08/06/2013

sábado, 1 de junho de 2013

Namorada De Sábado À Noite


Namorada De Sábado À Noite
Eu não sei nada da morte
Eu não sei nada do Norte
Mas sou um cara de sorte
Pois você é minha garota
Minha linda namorada
De sábado à noite.
Lá na discoteca:
Terceiro Mundo.
Terceiro mundinho
Mundinho da gente.
Onde a gente se amassa
E se agita...
Ao som do Led Zeppelin,
Do AC/DC,
Iron Maiden, Skorpions
E do Black Sabbath.
Bebendo vinho barato
E curtindo outros baratos.
E como a grana é pouca
Mais tarde,
Quando o baile acaba
A gente se ama
Sob a luz do luar.
Depois quando,
A manhã de domingo
Vem chegando bem de mansinho
Eu acompanho você
Até a porta de sua casa
E sigo a pé para o meu destino.
E fico a semana inteira
A espera do próximo sábado.
Sim! Eu não sei nada da morte
Eu não sei nada do Norte
Mas sou um cara de sorte
Pois você é minha garota
Minha linda namorada
De sábado à noite.

 

Copyright© TOM/Vital/Algum dia de 1987...