sábado, 26 de fevereiro de 2011

Paradoxo

Paradoxo


 

Queria uma casa no campo

Que nem Elis

Gozo com a voz dela... Sim.

Quando transo Maria Rita.


 

© Tom vital

A Poesia Não Serve Pra Nada


A Poesia Não Serve Pra Nada

 

A poesia não serve pra nada
Por isso mesmo a poesia serve pra tudo.
Serve para embrulhar o pastel na pastelaria
E o pão na padaria da esquina.
Na caixinha de alumínio
Serve para o envase do leite no laticínio.
Estampada na toalha ela serve
Para secar o corpo da morena, da mulata
Da ruiva e da loira após o banho.
Bordada no pano de prato 
Ela serve para embrulhar o bandeco 
Que o operário leva para o trabalho,
E também serve para secar o prato
As panelas e os talheres.
Só não vale cuspir no prato
Que se comeu.
Bordada na peça intima
Da pequena
Ela serve para um momento
De reflexão antes do
Ataque à fortaleza
Para o grand finale.
Assim também se estiver
Gravada na coronha de
Um fuzil AK-47.
Impressa no lenço de papel
Ou de pano
Ela serve para assoar o nariz
E no papel higiênico ela serve
Para limpar o fiofó
Quem foi que disse que a poesia
Não serve pra nada se ela serve pra tudo?
Das coisas do amor a coisas praticas do
Dia-a-dia
Até as mais revolucionárias.
Mas o certo mesmo é que a poesia
Não serve pra nada.
© Tom vital/26/02/2011

 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Poesia Na Praça Sete

Poesia Na Praça Sete


 


 

Expulsos do jardim do Éden

Adão e Eva, os primeiros poetas

Encontraram refúgio

No "Poesia na Praça Sete"

E no "Belô Poético."

E graças a Virgilene Araújo

E sua aula pública de poesia

E ao poeta Rogério Salgado

"O Poeta que não deixa a poesia descansar."

Em Belo Horizonte

A poesia está salva.

Salve... Salve! Poetas

Aves de Arribação


 

© Tom Vital/30/06/2009

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Poema Incidental

Poema Incidental


 


 

Um dois toques

Bola na rede

Um dois toques

Poesia na gaveta

Um dois toques

A mina tá na minha.

Árido como ferro

Metal sangue da terra.


 

Em cada verso

Ousar usar abusar

Se lamusar lambusar

Não endeusar a musa

Se achegar como

Quem nada quer

Degustar lentamente

Cada silaba da palavra

Para não engasgar

Regurgitar vomitar

A sintaxe engastalhada.


 

© tom vital/22/02/2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Haicai


 


 


 

Haicai

A Chuva cai

O raio cai

Matando o poeta

A chuva

E o Haicai.


 

© tom Vital/2009


 


 


 

 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011


Odeio telefone celular
Claro: é o enigma da esfinge que eu me recuso a decifrar.
Prefiro mergulhar no claro enigma de Drumond.
Ou assistir o último tango em paris


Vivo: é a morte lenta na sala de espera de um hospital.
Prefiro fazer como o suicida e embarcar por conta própria na transiberiana do Além.
Ainda que saiba que eles só emitem passagem de ida.




Oi: é breque de boi!
Prefiro o mugido da vaca.
E a beleza contagiante do boi da manta no carnaval de rua de vespasiano.


Tim é o fim. É o dia do juízo final.
É tempo de espera que não têm fim.


©Copyright Tom Vital/2008

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Errata Bíblica


"Qui est sine peccato,
"Primum in illa lapidem mittat."
(São João, cap.VIII).
Errata Bíblica


Santa Maria Pinta Niña
Jesus Cristo esteve nas Américas
Era marujo timoneiro
Foi com ele que Colombo
Aprendeu a prova do ovo.


Bigamia não é pecado
Também não é pecado
Já dizia meu finado amigo
Zé Geraldo Filho:
Desejar a mulher do próximo
Principalmente quando ela é jovem
Bonita e lhe dá a maior bola
O único perigo
É o gosto do chumbo.
Pecado, safadeza, é usar batina
E abusar das criancinhas
Pecado, safadeza, é dizer-se pastor
E abusar do dízimo dos humildes.


Adão era artesão
Adão era cheio de tesão
Mas como bom malandro carioca que era
Ele não provou da maçã primeiro
Antes ele tomou o sangue da serpente
Sangue ainda quente, a guisa de afrodisíaco
E com o tegumento fez um belo cinto
Com o qual enxotou Lilith
(e mais tarde castigou Caim
(Que ensinou cachorro a ganir)
Depois dormiu com a Eva
E comeu a maçã de sobremesa.


Deus era Brasileiro, falava Uai!
E criou o mundo em um dia.
Essa história de criar o mundo em seis dias;
E descansar no sétimo dia
É coisa de Julião Capitalista
Ladrão de gravata, ouro, e prata


Sansão o primeiro Atleticano da história
Colocou fogo no rabo de trezentas raposas
Ironia do destino o primeiro milagre de Jesus Cristo
Foi a invenção da saideira.
Tom Vital falou
E o escriba gravou no palimpsesto;
E num fragmento de rocha:
"Embora eu dê testemunho
De mim mesmo, o meu testemunho
É digno de fé, porque sei donde vim
E para onde vou;
Mas vós não sabeis donde venho
"Nem para onde eu vou."


Jesus Cristo disse:
"Eu sou aquele que é:
Platão não sabe da missa
Um terço
Quem quiser ser poeta
"Que atire o primeiro verso."
©tom vital 19/10/1999















terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Na Estrada Para Estocolmo

Na Estrada para Estocolmo


 

Não distingo água e vinho

Vinho e água

Pão e sal, sal e pão

Sou quem sou...

Se não fosse

Não lhes diriam

Químico poeta

Preparo eu mesmo

Meu próprio alucinógeno.

Há muito venho pavimentando

Minha via poética

Com guano de pombo.

Sou antiaderente

Detesto pessoas adesivas

Caminho sempre só.

Meu coração de poeta

Varri para trás da porta.

Tenho olhar aguado

Feito um cão vira-lata

Ou cadela no cio.

Aedo me fiz imortal

Mas carrego um inferno no peito.

O meu nome você sabe

Você viu

No velho mapa-múndi

È nome de homem e de nação

Na Itália existe um ditado:

"... São todos bons".

Veja a grandeza do meu nome.

Meu avô era um velho índio

De antepassados incas

Criei a minha própria lenda

E já não sei o que é verdade

E o que é mentira.

Não sou poeta

Sou pó erva

Pó mate

Pó eira cósmica

Sem eira nem beira

Polichinelo

Não pé de chinelo.

Toda estrada que pego

Todo atalho me leva a Estocolmo

Estocolmo me espera

Estou chegando

Suado cansado descalço

De pé no chão

Arrastando a língua

Implorando amor

E perdão de puta

Chupando manga

Recebendo chutes

Feito um cão sarnento.

Mas não recebendo ordens

De um sargento

Sou capitão

Do meu próprio regimento

De marionetes de papelão.

Bambo-balão

Quero arroz com feijão

Depois um banho quente

Uma cama macia

E uma loira de verdade

O que mais posso querer

Chegado a Estocolmo?


 

©tom vital/22/02/2009