segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Cena Caseira


Cena caseira
Agosto mês do desgosto
Para quem acredita em encosto.
Esse não é o caso do poeta Sexta-feira
Ele sempre lembra o que dizia
Uma sua tia benzedeira:
“Criança feia não pega quebranto.”
Hoje ele não fez a sua habitual caminhada
De sábado de manhã
Hoje ele não viu Naná a bela caixa do sacolão
Garota de uns vinte e cinco anos
Capaz de acelerar
Alucinadamente de paixão
O coração de qualquer poeta.
Chovia à beça ele ficou em casa
Maratonando Merlí no Netflix.
Quando a patroa pediu ajuda
Para mexer o angu enquanto ela picava a couve.
O poeta Sexta-feira não domina
Muito bem a arte culinária
Mas sabe que hoje em dia
Basta dar uma googlada
E como que num passe de mágica
É possível fazer qualquer prato.
Porém o poeta Sexta-feira
Entende muito bem a arte de amar.
Ele pausou a série e foi mexer o angu
Para a patroa.
Entre um gole e outro de cachaça
Ele mexia o angu com a colher de pau  
E o aroma delicioso da suã de porco
Cozinhando na panela de pressão
Penetrou em suas narinas
E de repente uma canção começou
A tocar em sua mente
-Canto para mim mesmo
Mas se lhe apraz pode cantar comigo
Canto para mim mesmo
Mas que quiser pode me seguir.
E nessa toada ao final do dia
Consumiu um litro e meio de cachaça
Fora a cerveja, mas ele não teve ânimo
Para contar a quantidade
De latinhas que consumira.
-Canto para mim mesmo
Mas se lhe apraz pode cantar comigo.
E às duas da manhã adormeceu no tapete da sala
E sonhou com Naná.
Copyright© Tom Vital/23/08/2020                                  Foto Da Internet

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