sábado, 26 de fevereiro de 2011

A Poesia Não Serve Pra Nada


A Poesia Não Serve Pra Nada

 

A poesia não serve pra nada
Por isso mesmo a poesia serve pra tudo.
Serve para embrulhar o pastel na pastelaria
E o pão na padaria da esquina.
Na caixinha de alumínio
Serve para o envase do leite no laticínio.
Estampada na toalha ela serve
Para secar o corpo da morena, da mulata
Da ruiva e da loira após o banho.
Bordada no pano de prato 
Ela serve para embrulhar o bandeco 
Que o operário leva para o trabalho,
E também serve para secar o prato
As panelas e os talheres.
Só não vale cuspir no prato
Que se comeu.
Bordada na peça intima
Da pequena
Ela serve para um momento
De reflexão antes do
Ataque à fortaleza
Para o grand finale.
Assim também se estiver
Gravada na coronha de
Um fuzil AK-47.
Impressa no lenço de papel
Ou de pano
Ela serve para assoar o nariz
E no papel higiênico ela serve
Para limpar o fiofó
Quem foi que disse que a poesia
Não serve pra nada se ela serve pra tudo?
Das coisas do amor a coisas praticas do
Dia-a-dia
Até as mais revolucionárias.
Mas o certo mesmo é que a poesia
Não serve pra nada.
© Tom vital/26/02/2011

 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

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