terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Carnaval


Carnaval

 

Quando eu nasci era carnaval

Não havia anjo torto

Nem anjo reto

Nem anjo esbelto

Nem anjo loiro


 

Não havia anjinhos rosados

Nem anjinhos obesos

Nem anjinhos trigueiros

Nem anjinhos pretos

Nem flores

Nem nada...


 

Havia apenas uma bem raquítica

Fada madrinha

Saída de algum rincão perdido

Lá dos confins do nordeste


 

Duendes e gnomos

Arlequins, pierrôs, sacis

Mulas sem cabeças

Lobisomens, lobigays

E colombinas

Invadiram o quarto


 

Um simpático e horrendo duende

De gorro verde

Puxou-me o pé


 

Assustada com a confusão

Que se formou

A fada madrinha

Fugiu apressada

Deixando para trás

Sua varinha de marmelo


 

O duende então

Trepou no berço

Fitou-me os olhos longamente

Disse nada não

Apenas sorriu enigmaticamente

Era surdo mudo o duende


Concluí no final:

Minha vida será

(e tem sido)

Um interminável

E psicodélico

Quadro surreal.

Um Constante carnaval.

 

Copyright ©tom Vital/22/02/1996

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