domingo, 16 de junho de 2013

Trabalhador Otário


Trabalhador Otário
Trabalhador otário
Acordo de madrugada
Carrego marmita
Pego o ônibus lotado
Com gente cheirando
A cecê, murrinha
E bafo de cachaça no cangote,
Mau hálito e cheiro de marmita
Comida recém feita e também
Cheiro de perfume barato.
Cheiro de gente
Cheiro bom
Cheiro de povo.
Pego o ônibus lotado
Do consórcio linha-velha
Que quase sempre
Quebra no caminho,
Chego atrasado
Por culpa do transporte
E tenho que dar explicação
Pro meu adorável patrão:
"Desculpe-me pelo atraso:
"O ônibus quebrou novamente"
O quê mais eu poderia dizer?
Sou barrado na porta do banco,
Quando vou receber o meu salário.
A porta sempre trava
Se o segurança cisma
Que eu sou mal encarado.
Sou um trabalhador otário
Que ainda acredita
Na força do trabalho
Sou o mais novo sócio
Membro da confraria
Dos banguelas
Já não sorrio tão amiúde
Quanto antes.
Já não freqüento mais
Os inevitáveis eventos sociais
Mas não perco o rebolado
Não apareço na tevê
Nem leio mais poesia
Em público.
Mas como já disse antes
Não perco o rebolado
Sou brasileiro trabalhador
Otário.
Voto certo e consciente
Mas o meu voto é mal usado
Quando chegam ao poder
Todos os partidos,
Nivelam-se.
Sejam de direita
Ou de esquerda.
E a grande imprensa
Do meu país
É comprada, vergonhosamente comprada.
Sou trabalhador, eleitor otário
Sou teimoso sou tinhoso
Mas sou apenas um trabalhador otário.
E agora acabaram com a geral
E eu não posso mais assistir o meu futebol
Como pagar duzentos mangos?
Tiraram parte do meu ópio...
Agora estou puto.
Muito puto...
Sou brasileiro
Mas não estou morto
E se aumentarem a passagem:
Um centavo, dois centavos, vinte centavos
Eu vou para a rua, me unir aos jovens,
Eu também vou prostestar...
Eu vou botar fogo nessa porra
Sou brasileiro
Mas não estou morto.

 

Copyright©Tom Vital/14/06/2013

 


 


 


 


Um comentário:

  1. não estou morto, sou galo e tocar fogo no mundo.

    vai tom, depois jogaremos bole de gude com

    as bolas de borracha..

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