quarta-feira, 22 de abril de 2020

Marrento


Marrento


Se a vida viesse com manual de boas práticas,
E fosse de papel eu rasgava e tacava no fogo
Se fosse manual online eu deletava
O que no fundo dá no mesmo.

Eu já tive cabelos encaracolados.
Muitos pensavam que eu era maconheiro
Mas eu não estava nem aí para o que pensavam de mim
Eu tinha apenas quinze anos e sonhava mudar o mundo.

Hoje eu preciso de uma bala de menta
Ou quem sabe uma boa cristalina da roça
Para tirar esse gosto amargo de agosto da boca
Gosto com cheiro de cachorro morto.

O homem que não se faz rei em seu próprio lar
Viverá como um   pobre cão sarnento
Enxotado em toda parte por toda gente.

Vivo ligado em duzentos e vinte volts.
Comigo é oito ou oitenta
Não existe meio-termo
Ou me contenho ou me transbordo.

Minha mulher encheu-me o saco
Fui para o boteco espairecer-me.
Uma jovem pintou no pedaço
Olhos fixos no tablado
Ensaiando a representação,
Eu lhe paguei uma cerveja
E ela me deu o seu telefone.
Mas esse amor eu não quero não
Quero sinceridade e emoção.

Copyright© Tom Vital/21/04/2020



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