sábado, 14 de novembro de 2020

Trindade

 Trindade


Trim. trim. trim.
Acordei com o telefone tocando
Olho as horas no relógio de cabeceira
Duas e meia da matina
Atendo: Pois não?
Ouço uma voz conhecida
Há muito não ouvida.
-Olá Sexta, como vai?
Respondo em cascata
Como que limpando
O peito e a alma
Num descarrego:
Vou vivendo enquanto posso!
Ser feliz é o que interessa.
O resto é bobagem...
Amanhã estarei morto.
E nada mais!
Quando a conheci ali sentada na calçada
Naquela noite de sexta-feira treze,
Em frente ao Bar Joinha, trajando vestido azul
Chorando o fim de um relacionamento...
Você não me disse que era a dona do dragão,
E também não me falou
Que quando entrava em erupção
Jorrava lavas quentes como um vulcão,
Sempre instável
Girando mais que um cata-vento
Ao vento.
Cem por cento Rivotril
Normal com P apenas na hora da foda,
Ou como você poeticamente costumava dizer:
"Dança Gostosa Dos Corpos."
Você se foi fiquei órfão
Cão sem dono
Ganindo à mingua
Até ser adotado de novo...
E você Trindade como vai?
- Você sabe, bem, muito bem,
Fugi ontem do Galba Veloso,
Estou aqui no Cemitério Do Bonfim,
Numa festinha legal
Com alguns bons amigos
Tem pó e bebida à beça, vem pra cá!
Além de mim tem duas outras
Garotas que topam tudo
Você vai se divertir.
Estou com Saudades!
Não obrigado! Acordo cedo.
Continuo no mesmo trampo.
- Tá bom a gente se vê depois.

Copyright© Tom Vital/25/01/1990

                                       Foto da internet

 

 

 


 

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